Page 371 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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O LEÃO RUGE
Quando finalmente todos estavam acordados, Lúcia contou a história
pela quarta vez. Nada podia ser mais desanimador do que o silêncio que se
seguiu.
– Não consigo ver nada – declarou Pedro, depois de ter olhado tão
fixamente que os olhos lhe doíam. – Está vendo alguma coisa, Su?
– Claro que não! – disse Susana, mal-humorada. – Pois se não há
nada para ver! Ela anda é sonhando. É melhor você dormir, Lúcia.
– Só queria que vocês viessem comigo – disse Lúcia, com voz
trêmula. – Porque... porque, se não quiserem, terei de ir sozinha.
– Não diga tolice – resmungou Susana. – Você sabe muito bem que
não pode ir sozinha.
– Se ela tiver mesmo de ir, eu vou com ela – disse Edmundo. – Da
outra vez quem tinha razão era ela.
– Sei disso – replicou Pedro – , e pode até ser que ela estivesse certa
também hoje de manhã. A verdade é que aquela idéia do desfiladeiro foi
um passo em falso. Mas... a esta hora da noite... E por que Aslam iria ficar
invisível para nós? Nunca esteve!... Não é coisa dele! Que diz você,
N.C.A.?
– Não digo nada – respondeu o anão. – Se todos forem, também vou.
Se se dividirem, fico com o Grande Rei. Só assim poderei cumprir o meu
dever para com ele e para com o rei Caspian. Mas, se querem o parecer de
um anão ignorante, acho que não há grandes possibilidades de
encontrarmos o caminho à noite, uma vez que nem de dia demos com ele.
E não gosto nada desses leões milagrosos, que sabem falar mas não falam,
que são bons mas não mostram isso, e que, ainda por cima, são enormes e
aparecem de repente, e não há quem consiga vê-los. Para mim, isso tudo é
lorota – na minha modesta opinião.
– Está batendo com a pata no chão para andarmos depressa – disse
Lúcia. – Tenho de ir logo... pelo menos eu vou!
– Você não tem o direito de impor a sua vontade. Afinal, somos três
contra um – declarou Susana – e você é a caçula.
– Vamos embora! – disse Edmundo, impaciente. – É claro que temos