Page 579 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– É simples – respondeu a dama. – Diga-lhes que Ela, a Dama do
                  Vestido Verde, manda lembranças e duas crianças do Sul para a Festa do
                  Outono.

                         Jill e Eustáquio ficaram comovidos:

                         – Muito obrigado, muito obrigado... quanta gentileza...

                         – De nada, meus anjos. Mas tomem um cuidado: não cheguem tarde
                  demais em Harfang; eles fecham os portões poucas horas depois do meio-
                  dia e não abrem para ninguém.
                         As  crianças  agradeceram  mais  uma  vez,  com  os  olhos  a  luzir,  e  a
                  dama  acenou-lhes  adeus.  O  pau-lama  tirou  o  chapéu  pontudo  e  fez  uma
                  reverência, muito empertigado. O cavaleiro calado e a dama conduziram os
                  cavalos para a entrada da ponte com um grande tropel de cascos.

                         –  Pois  muito  bem!  –  falou  Brejeiro.  –  Daria  um  saco  de  rãs  para
                  saber de onde ela vem e para onde vai. Não é o tipo que a gente espera
                  encontrar nas vastidões dos gigantes, não é? Não pode ser boa coisa!

                         –  Besteira!  –  disse  Eustáquio.  –  Mulher  fabulosa.  Pense  numa
                  comida quentinha... quartos aquecidos. Só espero que Harfang não esteja
                  muito longe.

                         – Também acho – disse Jíll. – E que vestido esplêndido! E o cavalo!

                         – E daí? – fez Brejeiro. – Se a gente soubesse um pouquinho mais
                  sobre ela não seria nada mau.
                         – Pois eu ia perguntar! – disse Jill. – Mas como é que eu poderia
                  fazer isso se você não quis contar-lhe nada a nosso respeito?

                         –  Isso  mesmo  –  concordou  Eustáquio.  –  Você  ficou  aí  feito  um
                  pedaço de pau, bancando o antipático! Não gostou deles?

                         – Deles? Eles quem? – estranhou o paulama. – Só vi uma pessoa.
                         – Vai dizer que não viu o cavaleiro? – perguntou Jill.

                         – Vi uma armadura. Se era ele, por que não abriu a boca?

                         – Deve ser tímido – explicou Jill. – Pode ser também que ele fique
                  satisfeito  só  de  olhar  para  ela,  só  de  ficar  ouvindo  aquela  voz  linda  de
                  morrer. Eu faria o mesmo se fosse ele.

                         – Pois eu – replicou Brejeiro – estou só imaginando o que a gente
                  veria levantando a viseira do elmo e olhando lá dentro.

                         – Deixe disso – atalhou Eustáquio. – Não viu a forma da armadura?
                  Só podia ter uma coisa lá dentro: um homem.
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