Page 58 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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A terra tinha muitas cores – cores novas, quentes e brilhantes, que
faziam a gente exaltar... Até que se visse o próprio Cantor. Então, todo o
resto seria esquecido.
Era um Leão. Enorme, peludo e luminoso, ele estava de frente para o
sol que nascia. Com a boca aberta em pleno canto, ali estava ele, a menos
de trezentos metros de distância.
– Que mundo medonho! – exclamou a feiticeira. – Temos de fugir
imediatamente. Prepare a magia. – Estou perfeitamente de acordo,
madame! – falou tio André. – Que lugar mais desagradável! Sem qualquer
civilização! Se pelo menos eu fosse um pouco mais moço e tivesse uma
espingarda... – O senhor – disse o cocheiro – não está achando que ia poder
matar... ele... ou está?
– E quem poderia? – perguntou Polly.
– Prepare a magia, imbecil – retornou Jadis.
– Perfeitamente, ,madame – replicou tio André, com ar astuto. – É
preciso que ambas as crianças me toquem. Ponha o anel que nos levará
para casa, Digory.
Estava pretendendo cair fora sem a feiticeira. – Ah, anéis! Então é
isso? – disse Jadis.
Antes que se pudesse dizer faca, ela teria metido a mão no bolso de
Digory; mas este segurou Polly e gritou:
– Cuidado! Se algum de vocês chegar um centímetro que seja mais
para cá, nós dois desapareceremos, e aí é que eu quero ver! É verdade: aqui
no meu bolso tem um anel que me levará para casa com Polly. E, olhem,
minha mão já está aqui, prontinha. Por isso, fiquem longe. Sinto pelo
senhor (olhou para o cocheiro) e pelo cavalo, mas não posso fazer nada.
Quanto a vocês (olhou para tio André e para a rainha), os dois são
feiticeiros e acho que merecem ficar juntos.
– Bico calado, todo o mundo! – clamou o cocheiro. – Quero ouvir a
música.
Pois a canção agora era outra.