Page 678 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Certamente – disse o calormano. – O iluminado macaco... quero
                  dizer, homem... está absolutamente certo. Aslam significa nada mais, nada
                  menos que Tash.

                         – E, principalmente, Aslam significa nada mais que Tash, não é? –
                  insinuou o gato.

                         – Mais, não... De forma alguma! – protestou o calormano, encarando
                  firmemente o gato.

                         – Está satisfeito, Ruivo? – perguntou o macaco.
                         – Oh, certamente – respondeu Ruivo com frieza. – Muito obrigado.
                  Eu só queria que as coisas ficassem bem claras. Acho que estou começando
                  a entender.

                         Até  aquele  momento,  nem  Tirian  nem  Precioso  haviam  dito  coisa
                  alguma. Estavam esperando que o macaco lhes desse permissão para falar,
                  pois achavam que não era polido interromper uma conversa. Agora, porém,
                  olhando  ao  redor  e  vendo  as  feições  desesperadas  dos  narnianos,  e  ao
                  perceber que todos iam acabar acreditando que Aslam e Tash eram uma e a
                  mesma pessoa, o rei não pôde mais se conter.

                         –  Macaco!  –  gritou  bem  alto.  –  Você  está  mentindo!  Mentindo
                  terrivelmente. Mentindo como um calormano. Mentindo como um macaco.

                         Ele pretendia ir adiante e perguntar como o terrível deus Tash, que se
                  alimentava do sangue do seu povo, podia ser a mesma pessoa que o bom
                  Leão, que dera o próprio sangue para salvar Nárnia inteira. Se lhe tivesse
                  sido permitido falar, o domínio do macaco teria acabado naquele mesmo
                  dia, pois os animais teriam percebido a verdade. Antes, porém, que pudesse
                  dizer uma palavra mais, dois calormanos taparam-lhe a boca com toda a
                  força,  e  um  terceiro  veio  por  trás  e  deu-lhe  um  chute  nas  pernas,
                  derrubando-o bruscamente. Ao vê-lo cair, o macaco começou a guinchar,
                  furioso e aterrorizado.

                         –  Tirem  ele  daqui!  Levem-no  embora!  Carreguem-no  para  onde
                  ninguém  possa  ouvi-lo  e  nem  ele  a  nós!  Amarrem-no  a  uma  árvore!  Eu
                  vou... isto é, Aslam vai... fazer-lhe justiça mais tarde.
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