Page 681 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Como um Leão grande e terrível, pode crer – respondeu um dos
                  ratos.

                         –  E  vocês  acham  que  é  realmente  Aslam  quem  está  matando  as
                  ninfas da floresta e fazendo de vocês escravos do rei da Calormânia?

                         – Ah! Isso é ruim, não é? – disse o segundo rato.

                         – Preferia ter morrido antes disso tudo começar. Mas não há dúvida
                  alguma. Todo mundo diz que são ordens de Aslam. E nós mesmos o vimos.
                  Puxa!  Queríamos  tanto  que  Aslam  voltasse  para  Nárnia!  Não
                  imaginávamos que ele fosse assim!
                         – Parece que, desta vez, ele voltou muito bravo – disse o primeiro
                  rato. – Acho que, sem saber, todos nós andamos fazendo algo realmente
                  terrível. Ele só pode estar nos castigando por alguma coisa. Mas acho que
                  ele pelo menos poderia nos dizer do que se trata!

                         –  Suponho  que  o  que  estamos  fazendo  agora  deve  estar  errado  –
                  disse o coelho.

                         – E daí? – replicou uma das toupeiras. – Para mim, tanto faz. Se for
                  preciso, faço outra vez.

                         Nesse  momento  alguém  disse:  “Cuidado,  pessoal!”;  e  outro
                  acrescentou:  “Vamos,  rápido!”  Então  todos  falaram:  “Sentimos  muito,
                  querido rei, mas temos de ir agora. Se nos pegam aqui...”

                         – Deixem-me de uma vez, amigos – disse Tirian.
                         – Não quero, por nada neste mundo, colocá-los em dificuldades.

                         – Boa noite! Boa noite! – disseram os animais, roçando cada um o
                  focinho em seus joelhos. – Voltaremos, se pudermos.

                         Depois que todos se foram, a floresta pareceu muito mais escura, fria
                  e  solitária  do  que  antes.  As  estrelas  surgiram  no  céu  e  o  tempo  foi
                  passando,  lenta  e  vagarosamente,  enquanto  o  último  rei  de  Nárnia
                  permanecia ali, o corpo todo dolorido e rigidamente imprensado contra a
                  árvore à qual o haviam amarrado.

                         Finalmente,  porém,  alguma  coisa  aconteceu.  Lá  longe  surgiu  uma
                  luzinha  avermelhada,  que  desapareceu  por  um  instante  para  logo  voltar,
                  maior e mais forte. Então ele avistou vultos se movimentando do lado de cá
                  da luz, carregando uns embrulhos que atiravam ao chão. Por fim conseguiu
                  ver  do  que  se  tratava:  era  uma  fogueira  recém-acesa,  na  qual  atiravam
                  feixes de lenha. De repente, a labareda subiu e Tirian viu que a fogueira
                  ficava  bem  no  alto  da  colina.  Agora  podia  enxergar  perfeitamente  o
                  estábulo por detrás da fogueira, todo iluminado pelo clarão, e, entre este e o
                  lugar onde se encontrava, uma grande multidão de homens e animais. O
                  pequeno  vulto  agachado  ao  lado  do  fogo  devia  ser  o  macaco.  Estava
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