Page 680 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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joelhos porque os animaizinhos falantes de Nárnia são maiores do que os
                  animais mudos do nosso mundo.)

                         – Senhor rei! Querido senhor rei! – exclamaram. – Sentimos muito
                  pelo  senhor.  Não  ousamos  desamarrá-lo  porque  Aslam  poderia  ficar
                  zangado conosco. Mas lhe trouxemos algo para comer.

                         Em  questão  de  segundos  o  primeiro  rato  já  estava  lá  em  cima,
                  empoleirado  na  corda  que  atava  o  peito  de  Tirian  e  franzindo  o  focinho
                  áspero  bem  na  frente  do  rosto do rei.  Em  seguida subiu  o  segundo  rato,
                  dependurando-se  bem  debaixo  do  primeiro.  Então  os  outros  animais  se
                  ergueram no chão e começaram a passar as coisas para cima.

                         – Beba, senhor, e assim terá condições de comer – disse o rato de
                  cima. Então Tirian viu que este segurava bem à frente de seus lábios uma
                  pequenina  taça  de  madeira.  Era  uma  tacinha  do  tamanho  de  um  ovo;
                  portanto, mal ele conseguira provar o vinho, já a havia esvaziado. Mas o
                  rato passou-a para baixo e os outros a encheram novamente, passando-a de
                  mão em mão até chegar lá em cima de novo, onde Tirian a esvaziou pela
                  segunda vez. E assim foi, até que ele havia bebido o suficiente – e desse
                  modo foi muito melhor, pois beber em doses pequenas mata muito mais a
                  sede do que tomar um longo trago.
                         – Agora é queijo, senhor – disse o rato. – Mas não muito, pois não
                  queremos que fique com sede.

                         Depois  do  queijo  deram-lhe  bolinhos  de  aveia  com  manteiga
                  fresquinha e, então, um pouco mais de vinho.

                         – Agora me passem a água para eu lavar o rosto do rei, que está sujo
                  de sangue – disse o primeiro rato.

                         Tirian sentiu no rosto uma espécie de esponja muito pequena, que
                  lhe trouxe uma sensação muito agradável.

                         –  Meus  amiguinhos  –  disse  Tirian  –,  como  poderei  agradecer-lhes
                  por tudo isso?
                         – Não precisa, não precisa – responderam as vozinhas. – O que mais
                  quer que façamos? Não queremos outro rei. Somos o seu povo. Se fossem
                  apenas  os  calormanos  e  aquele  macaco  que  estivessem  contra  o  senhor,
                  teríamos lutado até virar picadinho para não deixar que o amarrassem desse
                  jeito. Teríamos mesmo. Mas não podemos ir contra Aslam...

                         – Vocês acham que é mesmo Aslam? – perguntou o rei.

                         – É, sim! É, sim! – disse o coelho. – Ele saiu do estábulo ontem à
                  noite. Todos nós o vimos.

                         – E como era ele? – quis saber Tirian.
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