Page 699 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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VIVAM OS ANÕES!
Ao ver o que eles pensaram ser um tarcaã ou um grande lorde
acompanhado de dois pajens armados, os dois soldados calormanos que
comandavam o grupo pararam e ergueram as lanças, com uma reverência.
– Salve, mestre – disse um deles. – Estamos levando esses anões
para a Calormânia, a fim de trabalharem nas minas do Tisroc (que ele viva
para sempre!).
– Pelo grande deus Tash! Como são obedientes! – disse Tirian. E de
repente voltou-se para os próprios anões. De cada seis deles, um carregava
uma tocha; e por aquela luz bruxuleante viam-se seus rostos barbudos,
todos olhando para ele com expressão dura e obstinada.
– Terá o Tisroc porventura empreendido uma grande batalha,
conquistando a terra de vocês, anões? – perguntou. – Por que caminham
assim tão passivos para a morte nas minas de sal de Pugrahan?
Os dois soldados fitaram-no, surpresos; mas todos os anões
responderam:
– Ordens de Aslam, senhor, ordens de Aslam. Ele nos vendeu. O que
podemos fazer contra ele?
– Grande porcaria, o Tisroc! – resmungou um deles, com uma
cusparada. – Ele que se atrevesse para ver!
– Cala a boca, seu cachorro! – berrou o soldado-chefe.
– Olhem aqui – disse Tirian, empurrando Confuso na direção da luz.
– É tudo trapaça! Aslam não esteve em Nárnia coisíssima nenhuma. Vocês
foram todos tapeados por aquele macaco. Era isto aqui que ele tirava do
estábulo para mostrar a vocês. Olhem bem!
O que os anões viram, agora bem de perto, foi o suficiente: como era
possível terem sido enganados daquele jeito? Depois de todo aquele tempo
preso dentro do estábulo, a pele de leão já tinha se soltado toda do corpo de
Confuso e, com a caminhada pela mata escura, estava toda torta e
desajeitada. A maior parte encontrava-se embolada por cima de um de seus
ombros. A cabeça, além de caída para um lado, estava tão afastada para trás
que qualquer um podia ver por trás dela a cara ingênua, tola e bondosa do