Page 722 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
P. 722

– Que nada! Que nada! — zombava a maioria dos animais.

                         – Está bem, moreninho, é claro que ele está lá! – disseram os anões.
                  –  Vá  lá,  Mico,  mostre-nos  o  que  está  dentro  do  estábulo.  Queremos  ver
                  para crer!

                         Depois de um momento de silêncio, o macaco falou:

                         – Vocês, anões, acham que são muito espertos, não é? Mas vamos
                  com calma. Eu nunca lhes disse que não poderiam ver Tashlam. Qualquer
                  um que queira pode vê-lo.
                         O auditório inteiro ficou em silêncio. Depois, passado cerca de um
                  minuto, ouviu-se a voz pausada e arrastada de um urso:

                         – Agora mesmo é que eu não entendo mais nada! Pensei que você
                  tinha dito...

                         – Você pensou! – interrompeu-o o macaco. – Como se se pudesse
                  chamar  de pensamento o que vai  nesta sua  cabeça!  Escutem  aqui, vocês
                  todos. Qualquer um pode ver Tashlam. Mas ele não vai sair do estábulo.
                  Quem quiser vê-lo terá de ir lá dentro.

                         – Oh, obrigado! Muito obrigado! – exclamaram centenas de vozes. –
                  Era isso o que estávamos esperando. Podemos entrar e vê-lo face a face.
                  Agora ele vai ser bondoso e tudo voltará ao que era antes!

                         Os  pássaros  começaram  a  gorjear  e  os  cães  latiram  excitados.  De
                  repente, ouviu-se um grande rebuliço de criaturas se mexendo, erguendo-se
                  sobre as patas e, em questão de segundos, havia uma verdadeira avalanche
                  de bichos correndo e se amontoando na porta do estábulo. Mas o macaco
                  berrou:
                         – Para trás! Calma! Para que tanta pressa?

                         Os bichos pararam, muitos deles ainda com uma pata no ar, outros
                  abanando a cauda e todos com a cabeça voltada para o lado.

                         –  Pensei  que  você  tinha  dito...  –  começou  o  urso,  mas  foi
                  interrompido por Manhoso.

                         – Qualquer um pode entrar — disse ele. – Mas tem de ser um de
                  cada vez. Quem vai ser o primeiro? Aliás, ele disse que não está de bom
                  humor hoje. Desde que devorou aquele maldito rei, na noite passada, vive
                  lambendo os beiços. Hoje de manhã não parava de urrar. Eu mesmo não
                  gostaria  muito  de  entrar  nesse  estábulo  hoje  à  noite.  Mas  vocês  é  que
                  sabem.  Vamos  lá,  quem  vai  entrar  primeiro?  Ninguém  me  culpe  se  ele
                  devorar alguém de uma vez, ou se o reduzir a cinzas com um simples olhar.
                  Problema de vocês. E agora, vamos ao primeiro? Quem será? Que tal um
                  de vocês, anões?
   717   718   719   720   721   722   723   724   725   726   727