Page 93 - Os Manuscritos do Mar Morto
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                  melhores. Os trechos considerados hinos pela maioria dos biblistas são: 1:5-8; 4:8-11;

                  5:9-14;  11:17-18;  12:10-12;  15:3-4;  18:22-23;  19:1-9  e  22:16-17,20;  com  poucas
                  variações.



                  3.3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE ANALOGIAS



                         Vários  eruditos  colaboraram  para  uma  grande  lista  de  termos  compartilhados

                  entre os livros do NT e a literatura de Qumran. Os “trabalhos da Lei”, os “filhos da

                  luz”,  “Belial”,  as  “bendições”;  são  apenas  alguns  dos  termos  já  identificados  que
                  compõe esta relação. No entanto, a busca incessante por analogias entre os MQ e o NT

                  resultou em inúmeras páginas escritas sem grande rigor científico e o devido cuidado
                                               70
                  com a interpretação da fonte.  Por isso, faz-se necessário tratar brevemente sobre este
                  assunto neste capítulo, já que utilizei-me de algumas comparações utilizando escritos
                  hinários.

                         Infelizmente,  vários  paralelos  apresentados  por  especialistas  são  na  verdade

                  criações  a  priori,  muito  mais  resultantes  da  intenção  do  interpretante  do  que  da
                  veracidade da comparação. Em alguns exemplos citados a seguir, poderemos perceber

                  que  as  palavras  de  Martínez  se  fazem  verídicas,  quando  diz  que  “é  fácil  encontrar

                  paralelos  nos  textos  qumrânicos,  quando  estes  foram  previamente  “cristianizados”,
                  atribuindo-se-lhes um significado que não tinham” (1996:271).

                         Sabe-se que é grande a importância que as analogias possuem quando se trata
                  das relações entre Qumran, essenismo, e cristianismo. O sensacionalismo e a busca por

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                  sucesso  editorial   certamente  são  os  maiores  responsáveis  pelo  grande  número  de
                  disparates  no  trato  MQ,  comunidade  de  Qumran,  NT  e  cristianismo.  Curiosamente,

                  analogias mais excêntricas praticamente inexistem quando se trata de relacionar os MQ

                  com  outros  escritos  como  o  AT;  ou  mesmo  quando  o  que  se  analisa  são  estruturas
                  políticas e sociais da época.

                         Foram  muitas  as  relações  traçadas  entre  estes  dois  corpus  literários  desde  a
                  descoberta  dos  MQ.  Alguns  estudiosos,  um  tanto  enfáticos  em  suas  confrontações,

                  defenderam inclusive que partes dos Evangelhos haviam sido encontradas entre os MQ.
                  Presume-se  que  o  Evangelho  de  Marcos  tenha  sido  escrito  antes  de  ter  ocorrido  a

                  destruição do assentamento de Qumran (c. 68 d.C.). Em um caso certo, o das epístolas


                  70  Faço uso aqui dos termos analogia e paralelo em seu sentido sinonímico.
                  71
                    Assunto melhor tratado nas páginas 26-31.
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