Page 116 - Processos e práticas de ensino-aprendizagem
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Nasci  em  3  de  Novembro  de  1981,  em  Rio  Branco  do  Sul,  comunidade  rural
               chamada Palmeirinha, estrada de chão, de difícil acesso, ainda mais quando chovia. Filha

               de pais agricultores, pai de origem polonesa, mãe de origem italiana, família de origem
               muito humilde. Pais pouco escolarizados, meu pai cursou antiga 3ª série, minha mãe mal

               frequentou a escola.
                      Obviamente não tenho muitas lembranças desse início, as poucas cenas que vem

               à mente, é a casa de madeira de dois cômodos, somente uma cozinha e um quarto, e
               nesse quarto cabia duas camas grandes, a do casal, e a outra onde dormiam os 4 filhos.

               Sou literalmente a filha do meio, tenho uma irmã mais velha, uma irmã mais nova, e um
               irmão. Não existia banheiro, nessa época, usava-se uma casinha externa chamada de

               “patente”.
                      Aos 5 anos comecei a frequentar a pré-escola. Aos 6 anos fui matriculada na

               primeira série do ensino fundamental. Do ensino fundamental as poucas lembranças que
               tenho, é que as professoras eram muito criativas e afetuosas. Lembro também que a

               chamada  era  por  número,  e  sempre  os  meninos  por  primeiro,  e  depois  as  meninas.
               Éramos  chamados  por  número  e  não  pelo  nome.  Lembro  da  ordem  da  fila,  e  do

               “aprisionamento dos corpos”, praticamente era proibido se mexer.
                      Sempre adorei livros, tinha uma verdadeira fascinação por eles. Mas a lembrança

               que tenho é que eles ficavam guardados numa sala grande, todos bem arrumadinhos e
               era proibido tocá-los, pegá-los. Isso exercia ainda mais fascínio, pois era inacessível.

               Lembro-me que quando tomei gosto pela leitura, e só lia o livro didático mesmo, pois
               não tinha acesso a livros, foi quando comecei a entrar nessa sala que lá naquela escola

               não se chamava biblioteca, ficava bem quietinha para ninguém perceber, pegava algum
               livro por curiosidade, lia o que dava, e colocava bem arrumadinho no local novamente,

               para  ninguém  perceber.  Com  o  passar  dos  dias,  era  impossível  ler  assim  por  muito
               tempo, foi nessa fase, que comecei a pegar os livros escondidos, levar para casa, lia o

               todo, e então devolvia no lugar sem ninguém perceber.
                      Outra  lembrança  dos  anos  iniciais  da  escolarização,  era  o  transporte  escolar.

               Percorríamos  grandes distâncias  a pé,  até  pegar  o  ônibus  escolar. Quando  chovia, o
               ônibus não passava, era uma decepção, pois não haveria aula. Quando passei para a 5ª

               série (11 -12 anos) início do ginásio, o ensino passou a ser noturno, iniciava às 18 horas,
               então nessa época, o transporte escolar do vilarejo passou a ser uma camionete, onde

               todos os alunos iam na carroceria, sentados no chão, sem nenhuma segurança. Muitos

                                                                                                       114
                       PROCESSOS E PRÁTICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM: HISTÓRIAS DE VIDA E DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
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