Page 119 - Processos e práticas de ensino-aprendizagem
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estética, política, econômica e social. E nessas relações entre o pessoal e o social que
               passo a biografia da segunda fase dessa autobiografia: vivenciar a escola da vida!

                      “Quem nasce num determinado contexto social recebe de herança e partilha de
               um universo cultural que é aceito com naturalidade, o qual o condiciona e é reproduzido

               automaticamente” (PEROZA, J; SILVA, C. P. da. AKKARI, A. 2013, p.466). Esse conceito se
               assemelha ao que é preconizado por Bourdieu (2006) sobre disposições do campo e

               hábitus,  ao  afirmar  que  a  escola  reproduz  as  questões  culturais.  Nesse  sentido,  sigo
               minha autobiografia reflexiva, em busca de sentidos sobre o meu eterno vir a ser ... à luz

               do entendimento Freiriano de inacabamento, pois aceitar somente o determinismo social
               ou pessimismo Bourdieziano não cabe à alma!!!

                      Levando  em  conta  o  tal  pessimismo  de  Bourdieu,  de  quando  afirma  que  a
               escolarização poderia propiciar aos menos favorecidos, o acesso a outras formas de

               cultura, arte, lazer, esportes, de modo a valorizar a cultura que traz consigo e o identifica,
               e não privá-lo de conhecer outras manifestações culturais, isso me faz pensar na minha

               história de vida, nas oportunidades e nas minhas escolhas, em caráter de exceção, mas
               por outro lado, me faz pensar que somente a dedicação num projeto educativo, pode

               nos levar a modificar nosso destino!!!
                      Tomando as máximas de Bourdieu (2006) sobre as disposições do campo, que

               também aparece no texto de Perrosa (2013), influenciado somente pelo determinismo
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               social, eu não teria muitas opções, ou seria mais uma “Vida Maria " como tantas da minha
               família, ou das que nasceram na mesma região em que nasci. Sem condições financeiras
               para  prosseguir  nos  estudos,  estaria  fadada  a  vida  doméstica,  casar  e  ter  filhos,

               reproduzindo o ciclo da “Vida Maria”.
                      Mas o mesmo destino que nos limita, é o que pode nos dar as possibilidades,

               oportunidades. Uma das formas que vi e ainda vejo de alterarmos nosso destino, e sair
               do  determinismo  social,  é  pelo  trabalho  e  pelo  estudo.  Foi  com  a  possibilidade  de

               trabalhar “na capital” que vim para Curitiba para ser babá, doméstica, único emprego
               que uma mulher sem estudo poderia aspirar. E em 1996, com 16 anos de idade, cheguei

               em Curitiba. A vida e as circunstâncias poderiam ter me levado por outros caminhos,
               como tantas não tem a mesma sorte, mas eu consegui depois de tantas dificuldades,


               1  Curta metragem que retrata a vida de muitas mulheres no Brasil, em que as tradições e dificuldades
               são repassadas de geração em geração, não rompendo o ciclo vicioso de reprodução das condições
               sociais  e  de  subsistência    –  Disponível  em:  <https://www.youtube.com/watch?v=yFpoG_htum4>
               Acesso em 25/09/2018.
                                                                                                       117
                       PROCESSOS E PRÁTICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM: HISTÓRIAS DE VIDA E DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
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