Page 118 - Processos e práticas de ensino-aprendizagem
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o primeiro funil já estava posto. Não eram todos os alunos que prosseguiam na
escolarização.
A outra grande peneira era quando terminava o ensino fundamental. Outro fato
interessante é que para o Ensino Fundamental existiam 2 ônibus e mais alguns
carro/camionetes que buscavam as crianças mais distantes. Para o Ensino Médio, existia
somente uma Kombi, com sei lá, 10 ou 12 lugares que levava as crianças, agora jovens,
para cursar o Ensino Médio na Cidade, centro de Rio Branco do Sul.
Assim foram as marcas da minha infância e dos primeiros anos escolares.
Lembro-me também das páginas em branco dos poucos cadernos novos que
conseguíamos comprar, esses sim, tinham um cheiro especial e ainda me emociono ao
lembrar. Não tinha aquela mochila tão sonhada, mas acomodava-os num saquinho
plástico para conservá-los por mais tempo...
Lembranças dos amigos de infância, dos primos, das reuniões de família em datas
festivas, das novenas de Natal. O sentido de pertencimento a uma comunidade era outro.
Todos cuidavam de todos, e todos eram responsáveis por todos. Isso me lembra os
mutirões de colheita, que funcionavam numa espécie de rodízio, em que cada vizinho
ajudava o outro até realizar toda a colheita. Nesses mutirões, os homens logo cedo iam
para o trabalho de colheita, as mulheres se reuniam para fazer as refeições, as crianças
aproveitam o tempo juntas para brincar, e ao final do dia tinha muita música e cantoria,
no estilo “caipira” de ser!!!
Como vamos dando sentido ao que nos aconteceu? Entre memórias e
esquecimentos. Pineau (2006, p. 41), afirma que “a flutuação terminológica em torno das
histórias e relatos de vida, biografias e autobiografias é indicativa da flutuação do sentido
atribuído a essas tentativas de expressão da temporalidade vivida pessoalmente”. Essa
compreensão da memória e do esquecimento somente faz sentido para um propósito
maior, a sensibilidade de lembrar quem realmente somos, ou seja, “vemos unicamente
na zona do espectro a que somos sensíveis e vemos de maneira diferente segundo a
iluminação e a nossa sensibilidade” (NAJMANOVICH, 2001, p. 25). Complementando a
fala da autora podemos afirmar que vemos e rememoramos a partir de nossas
referências e de nossas sensibilidades, e do sentido que atribuímos a essas vivências.
Nestes termos, a memória aparece como elemento fundamental na articulação de
sentidos entre o individual e o coletivo, conforme lembra-nos Pineau (2006), existe um
substrato social da memória articulada com a cultura, tomada em toda sua diversidade
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PROCESSOS E PRÁTICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM: HISTÓRIAS DE VIDA E DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES