Page 125 - Processos e práticas de ensino-aprendizagem
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Tanto a conclusão do Mestrado, como o tempo de trabalho na editora, além das
               aulas no Ensino Superior, me possibilitaram muitas experiências apesar da pouca idade

               cronológica. Trabalhava nos três turnos, e inclusive aos finais de semana.  Foi o período
               mais  produtivo  e  satisfatório  da  minha  trajetória  profissional.  Na  Editora  tive

               oportunidade de ser a revisora técnica da área de Educação do Dicionário Aurélio, um
               dos mais renomados do País. Lançamos também a coleção de Mediação Pedagógica

               para professores, aprovada e distribuída pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola,
               no ano de 2010, coleção essa em que fui autora e organizadora. Escrevia para o Portal

               Educacional sobre a Diversidade na Educação, entre outros trabalhos dos quais muito
               me orgulho.

                      Com o passar dos anos, já casada, nasceu minha primeira filha, a dificuldade em
               conciliar a vida familiar e a profissional é uma coisa que perpassa a vida de toda mulher,

               nesses tempos, imagino eu!!! Nossa formação de visão linear, não me permitia enxergar
               que podia ser mãe, esposa, profissional, tudo ao mesmo tempo, era como se uma coisa

               fosse excluindo outra! Ao engravidar deixei as aulas no Ensino Superior, depois com o
               nascimento da minha filha, logo veio a decisão de pausar a carreira por um tempo, como

               se não fosse possível conciliar vida pessoal e profissional. Na verdade, os desgastes com
               os rumos da Educação no País, professores descrentes, sistemas de ensino caóticos, toda

               a onda de descrédito na educação nacional me pediam uma pausa!!! E nesse se perder
               e se encontrar, fiquei alguns anos afastada da área Educativa.

                      Em  Pedagogia  da  Esperança,  Freire  (2003,  p.  09)  ao  narrar  fatos  de  sua  vida
               argumenta sobre “pedaços de tempo que, de fato, se achavam em mim, desde quando

               os vivi, à espera de outro tempo, que até poderia não ter vindo como veio, em que
               aqueles se alongassem na composição da trama maior”.  Esse trecho traduz o que foi, e

               não somente o que poderia ter sido, pois foi pela profissão, pelo ingresso no ensino
               superior, pela possibilidade de estudar sempre mais e mais, que me tornei o que sou.

                      Freire  (2003,  p.  09)  continua  sua  argumentação:  “às  vezes,  nós  é  que  não
               percebemos o “parentesco” entre os tempos vividos e perdemos assim a possibilidade

               de "soldar” conhecimentos desligados e, ao fazê-la, iluminar com os segundos, a precária
               claridade dos primeiros”.  Foi assim que durante muito tempo eu neguei as origens, quase

               esqueci quem fui, não via na história de vida qualquer traço que pudesse sentir orgulho,
               não a reconhecia como cultura, como parte de mim, e ainda hoje costumo me olhar

               como muitas vidas dentro de uma mesma vida.

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