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LOSURDO. PRESENÇA E PERMANÊNCIA
vitoriosas no seguimento da guerra mundial que se seguiu à segunda
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guerra dos Trinta Anos . Em meados dos anos 1990, em O revisionismo
histórico, ele evidencia o emergir de “uma gigantesca releitura do mundo
contemporâneo” cujo objetivo consistia, na verdade, “na liquidação da
tradição revolucionária desde 1789 aos nossos dias”, que representava
uma “viragem historiográfica e cultural epocal” , que ao mesmo tempo
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coincidia com uma viragem interna no próprio liberalismo, o qual, uma
vez absorvida “a radical mudança do espírito do tempo na passagem
da grande coligação antifascista à Guerra Fria”, e desenvolvida “a
conseguinte elaboração de uma ideologia ‘ocidental’” , libertava-se
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agora de seus componentes democratizantes, que ele tinha assimilado
ao longo de seu confronto histórico com os movimentos radical e
socialista. Com esta mudança de espírito, o liberalismo voltava a seu
passado, tornando-se novamente conservador. Quando, dez anos
mais tarde, este percurso se consuma, ou seja, quando a afirmação do
neoliberalismo se consolida, é publicada a Contra-história do liberalismo,
texto que refuta definitivamente a clássica definição de liberalismo
como teoria da liberdade e dos direitos individuais: no plano cultural,
o liberalismo, se alguma coisa representa, é “uma autodesignação
orgulhosa que tem uma conotação simultaneamente política, social
e até étnica” . Ou seja, com o liberalismo, “estamos em presença
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de um movimento e de um partido que procura agregar as pessoas
dotadas de uma ‘educação liberal’ e autenticamente livres, ou seja, os
que têm o privilégio de serem livres, a ‘raça eleita’ (…) a ‘nação em
16 A guerra dita dos Trinta Anos, extremamente cruel e destrutiva, estendeu-se por toda a Europa ocidental e central
de 1618 a 1648. Seu motivo mais aparente e imediato foi a reativação do ódio entre católicos e protestantes, mas
a razão de Estado sobrepôs-se ao fanatismo religioso. Assim a França, oficialmente católica, aliou-se aos Estados
alemães e outros países protestantes para abater o também oficialmente católico Império dos Habsburgo, apoiado
pelo papa e pela Espanha. A expressão analógica “segunda guerra dos Trinta Anos” repousa numa interpretação
que vê uma linha profunda de continuidade, prosseguindo, a partir da grande guerra desencadeada em 1914, nas
intervenções imperialistas contra a Rússia revolucionária, nos levantes proletários na Europa, na invasão da China
pelo Japão, na guerra civil espanhola, até 1945, quando a vitória dos soviéticos e dos aliados anglo-saxões sobre o
Eixo nazi-fascista levou a termo o grande ciclo aberto em 1914. Tanto na primeira quanto na segunda guerra dos
Trinta Anos, interagiram nações, classes e ideologias, num complexo confronto cujo aspecto predominante variou
nas diferentes situações concretas (JQM).
17 LOSURDO, 1996a, p. 7.
18 Ib., p. 18.
19 LOSURDO, 2005, p. 242.
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