Page 112 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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— Sim. Ele poderia fazer-me voltar a ser o que era. Se eu conseguir prêmio da Academia e
agir com a cabeça, poderei tornar-me um grande artista novamente, mesmo sem cantar. Talvez
então poderei dar mais grana a você e às meninas.
— Temos mais do que o suficiente — respondeu Ginny.
— Quero ver mais as meninas também — tornou Johnny. — Quero mudar um pouco de
vida. Por que não posso vir toda sexta-feira à noite jantar aqui? Juro que jamais faltarei uma
sexta-feira, esteja longe ou ocupado como estiver. E então, quando puder, passarei os fins de
semana com as meninas ou talvez elas possam passar uma parte das férias comigo.
Virginia procurou confortá-lo.
— Está tudo bem comigo — acentuou ela. — Nunca me casei porque queria que você
continuasse a ser pai delas.
Disse isso sem qualquer espécie de emoção, mas Johnny Fontane, olhando fixamente para o
teto, sabia que ela o dissera como uma compensação pelas coisas cruéis que ela pronunciara
para ele quando o casamento se desfez quando a carreira dele começou a entrar em declínio.
— A propósito, adivinhe quem telefonou para mim? — perguntou ela.
Johnny não procuraria adivinhar, jamais gostara disso.
— Quem? — perguntou ele.
— Você podia pelo menos tentar adivinhar um nome escabroso — disse Ginny. Johnny nada
respondeu. — Seu Padrinho — acrescentou ela.
Johnny ficou realmente surpreso.
— Ele nunca fala com ninguém pelo telefone. Que foi que ele disse a você?
— Ele me disse para ajudar você — respondeu Virginia. — Falou que você podia ser tão
grande como sempre foi, que você estava voltando a ser o que era, mas que precisava de gente
para acreditar em você. Perguntei a ele por que deveria eu ajudar você. E ele respondeu que é
porque você é o pai de minhas filhas. Ele é um velho tão amável e contam histórias tão horríveis
sobre ele.
Virginia detestava telefones e fizera retirar todas as extensões com exceção das que havia no
seu quarto de dormir e na cozinha. Ouviram então o telefone da cozinha tocar. Ela foi atendê-lo.
Depois voltou para a sala de estar com um ar de surpresa no rosto.
— E para você, Johnny — afirmou ela. — E Tom Hagen. Ele diz que é importante.
Johnny entrou na cozinha e pegou o telefone.
— Alô, Tom.
Tom Hagen falou friamente:
— Johnny, o Padrinho quer que eu vá ver você para acertar algumas coisas que poderão
ajudá-lo agora que o filme terminou. Ele quer que eu pegue o avião de amanhã. Você poderá
encontrar-me em Los Angeles? Tenho de tomar o avião de volta a Nova York na mesma noite,
de forma que você não precisa pensar que vai passar a noite inteira à minha disposição.
— Está bem, Tom — respondeu Johnny. E não se preocupe sobre o fato de eu perder uma
noite. Pernoite aqui e descanse um pouco. Darei uma festa e você poderá conhecer algumas
personalidades do cinema.
Johnny sempre fazia essa oferta, não queria que as pessoas de seu antigo ambiente
pensassem que ele tinha vergonha delas.
— Obrigado — retrucou Hagen — mas realmente tenho de pegar o avião de amanhã
cedinho para voltar. Você vai esperar o avião que sai às 11:30 de Nova York, está bem?
— Está bem — respondeu Johnny.
— Fique em seu carro — disse Hagen. — Mande uma pessoa de sua confiança encontrar-
me, quando eu saltar do avião, e levar-me até você.
— Certo — disse Johnny.
Voltou para a sala de estar, e Virginia olhou para ele interrogativamente.
— Meu Padrinho tem planos para mim, para me ajudar — informou Johnny. — Ele