Page 147 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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contatos políticos, podiam dar às operações de Maranzano uma proteção vigorosa e a nova força
  de expandir-se pelo Brooklyn e pelo Bronx. Mas Maranzano era um homem de pouca visão e
  rejeitou a proposta de Corleone com desprezo. O grande Al Capone era amigo de Maranzano, e
  ele tinha a sua própria organização, os seus próprios homens, mais um enorme aparelhamento
  bélico. Não daria confiança a esse impostor cuja reputação era mais de um negociador do que
  de um verdadeiro mafioso. A recusa de Maranzano desencadeou a grande guerra de 1933 que
  mudaria toda a estrutura do submundo de Nova York.
    À  primeira  vista,  parecia  uma  luta  desigual.  Salvatore  Maranzano  tinha  uma  organização
  poderosa e capangas bem treinados. Mantinha amizade com Capone em Chicago e podia pedir
  ajuda  nesse  setor.  Também  mantinha  relações  com  a  Família  Tattaglia,  que  controlava  a
  prostituição  na  cidade  e  o  que  havia  do  fraco  tráfico  de  entorpecentes  naquela  época.  Tinha
  igualmente contatos políticos com poderosos líderes dos negócios que utilizavam seus capangas
  para  aterrorizar  os  sindicalistas  judeus  do  setor  de  roupas  feitas  e  os  sindicatos  anarquistas
  italianos dos operários de construção.
    Contra  isso,  Don  Corleone  podia  lançar  dois  pequenos,  mas  soberbamente  organizados,
  regimes dirigidos por Clemenza e Tessio. Os seus contatos políticos e policiais seriam anulados
  pelos  líderes  dos  negócios  que  suportariam  MaranzanO.  Mas  a  seu  favor  estava  a  falta  de
  informações do inimigo sobre a sua organização. O submundo ignorava a verdadeira força de
  seus solda dos e até tinha sido enganosamente levado a pensar que Tessio, no Brooklyn, era uma
  operação separada e independente.
    Entretanto, apesar de tudo isso, foi uma batalha desigual até que Vito Corleone equilibrou as
  coisas com um golpe de mestre.
    Maranzano pediu a Capone que enviasse os seus dois melhores pistoleiros a Nova York para
  eliminar  o  impostor.  A  Família  Corleone  tinha  amigos  e  informantes  em  Chicago  que
  transmitiram  a  notícia  de  que  os  dois  pistoleiros  estavam  chegando  de  trem.  Vito  Corleone
  despachou Luca Brasi para cuidar deles com instruções que deixariam à solta os seus instintos
  mais selvagens.
    Brasi e sua gente, quatro de seus homens, receberam os pistoleiros de Chicago na estação
  ferroviária.  Um  dos  homens  de  Brasi  conseguiu  um  táxi,  e,  tomando  o  lugar  do  motorista,  o
  conduziu para executar o serviço, em combinação com o carregador da estação, que, pegando a
  bagagem, levou os dois homens de Capone para esse táxi. Quando eles entraram no carro, Brasi
  e outro de seus homens entraram atrás dele, de armas em punho, e fizeram os dois pistoleiros de
  Chicago deitarem no chão do veículo. O táxi foi levado para um armazém perto das docas que
  Brasi tinha preparado para eles.
    Os  dois  homens  de  Capone  tiveram  as  mãos  e  os  pés  amarrados,  e  pequenas  toalhas  de
  enxugar mão foram metidas na boca dos dois para evitar que gritassem.
    Então Brasi apanhou um machado que estava encostado na parede e começou a retalhar um
  dos homens de Capone. Cortou um dos pés arrancando-o, depois as pernas na altura dos joelhos,
  e  em  seguida  as  coxas,  no  lugar  em  que  se  uniam  com  o  tronco.  Brasi  era  um  homem
  extremamente forte, mas teve de dar vários golpes com o machado para alcançar sua finalidade.
  Nessa altura, naturalmente, a vítima já tinha entregue a alma ao Criador e o chão do armazém
  estava  escorregadio  com  os  fragmentos  talhados  a  machado  de  sua  carne  e  os  salpicos  de
  sangue. Quando Brasi se voltou para a segunda vítima, verificou já ser desnecessário qualquer
  esforço. O segundo pistoleiro de Capone, aterrorizado, havia incrivelmente engolido a toalha de
  mão  e  se  sufocado.  A  toalha  foi  encontrada  no  estômago  do  homem  quando  a  polícia  fez  a
  autópsia para determinar a causa da morte.
    Alguns dias depois, em Chicago, Capone recebeu uma mensagem de Vito Corleone. Dizia o
  seguinte: “Você sabe agora como eu trato os inimigos. Por que um napolitano tem de se meter
  numa  briga  entre  sicilianos?  Se  você  quer  que  eu  o  considere  como  amigo,  eu  lhe  devo  um
  serviço que pagarei quando for preciso. Um homem como você deve saber como é muito mais
  vantajoso ter um amigo que, em lugar de pedir ajuda a você, cuida de seus próprios negócios e
  está sempre pronto para ajudar você em algum momento futuro de dificuldade. Se você não
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