Page 17 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
P. 17
— Porque eles sabem que por tradição nenhum siciliano pode recusar um pedido no dia do
casamento da filha. E nenhum siciliano deixa escapar uma oportunidade como essa.
Lucy Mancini levantou o longo vestido cor-de-rosa para não arrastar no chão e subiu a
escada correndo. O rosto carregado de cupido de Sonny Corleone, avermelhado, obsceno e com
luxúria de vinho, assustava-a, mas ela o provocara durante a última semana justamente para esse
fim. Em dois casos de amor na escola, ela nada sentira e nenhum deles durou mais de uma
semana. Ao brigar com seu segundo amor, ele resmungara algo acerca de ser ela “muito larga”
Lucy entendera e pelo resto do período escolar recusara sair com qualquer outro rapaz.
Durante o verão, ao participar dos preparativos para o casamento de sua melhor amiga,
Connie Corleone, Lucy ouvira as histórias murmuradas a respeito de Sonny. Uma tarde de
domingo, na cozinha de Corleone, a esposa de Sonny, Sandra, falou francamente. Sandra era
uma mulher rústica, de bom temperamento, que nascera na Itália, mas fora trazida para a
América quando ainda muito pequena. Tinha uma compleição robusta, com seios enormes, e já
tivera três filhos em cinco anos de casada. Sandra e as outras mulheres atormentavam Connie
contando os terrores do leito nupcial.
— Meu Deus — falava Sandra rindo — quando vi a vara de Sonny pela primeira vez e
sabendo que ele ia meter aquilo em mim, gritei com medo. Depois do primeiro ano, minhas
entranhas estavam tão moles como macarrão que cozinhou durante uma hora. Quando eu soube
que ele andava com outras moças, fui à igreja e acendi uma vela.
Todas elas riram, mas Lucy sentira sua carne contorcendo-se entre as pernas.
Agora, à medida que ela subia a escada em direção a Sonny, um tremendo ardor de desejo
percorria-lhe o corpo. No patamar, Sonny agarrou-a e empurrou-a pelo corredor para um quarto
vazio. As pernas dela fraquejaram quando a porta se fechou atrás deles. Ela sentiu a boca de
Sonny na sua, os lábios dele com gosto de fumo queimado, amargo. Abriu a boca. Nesse
momento, ela sentiu a mão dele subindo por baixo do seu vestido, ouviu o ruído de material
cedendo, sentiu a mão quente dele entre as suas pernas, rasgando- lhe as calcinhas de cetim para
acariciar-lhe a vulva. Ela passou-lhe os braços em torno do pescoço e pendurou-se aí enquanto
ele desabotoava as calças. Depois, ele pôs as duas mãos por baixo das nádegas nuas de Lucy e
levantou-a. Ela deu um pequeno salto no ar de forma que as pernas se enroscaram em torno das
coxas dele. A língua de Sonny estava na boca da moça e ela chupava-a. Ele deu um impulso
selvagem que a fez bater com a cabeça na porta. Ela sentiu qualquer coisa queimando passar-lhe
pelas coxas. Deixou cair o braço direito do pescoço dele e o abaixou para guiá-la. Sua mão
fechou-se em torno de uma enorme vara comprida feita de músculos e intumescida de sangue.
Pulsava em sua mão como um animal, e quase chorando de êxtase e prazer, ela introduziu-a em
sua própria carne túrgida, úmida. O impulso da penetração desse objeto e a sensação incrível
fizeram-na respirar ofegantemente. Alucinada de prazer, Lucy, sem perceber, passara as pernas
quase na altura do pescoço de Sonny, e depois, como uma aljava, o seu corpo passou a receber
as setas selvagens dos impulsos relampejantes dele; inúmeros, torturantes, arqueando sua pelve
cada vez mais profundamente até que pela primeira vez na vida ela atingiu um clímax
despedaçante, sentiu a firmeza dele fraquejar e o formigante escorrer de sêmen pelas coxas.
Lentamente suas pernas se desprenderam do corpo dele e deslizaram para baixo até alcançar o
chão. Eles estavam inclinados um sobre o outro, sem respiração.
Deve ter transcorrido algum tempo, mas agora eles ouviram umas pancadas leves na porta.
Sonny abotoou rapidamente as calças, enquanto bloqueava a porta para que não pudessem abri-
la. Lucy freneticamente desamarrotou o vestido cor-de-rosa alisando-o com as mãos, os olhos
piscando, mas a coisa que lhe dera tanto prazer estava escondida dentro de um pano preto.
Tinham ouvido a voz de Hagen.
— Sonny, você está aí? — interrogou ele em tom muito baixo.
Sonny deu um suspiro de alívio. Ele piscou o olho para Lucy.
— Sim, Tom, que é que há?
— Don Corleone quer que você vá ao escritório dele. Agora — explicou Hagen, ainda em