Page 26 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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Genco Abbandando em seu leito de hospital. Agora, Hagen esperava que Don Corleone dissesse
  que o lugar era definitivamente dele. As probabilidades eram contra. Uma posição tão alta, por
  tradição, só podia ser para um descendente de pais italianos. Já havia alguma complicação em
  virtude de ele exercer tais funções interinamente. Outrossim, tinha apenas 35 anos de idade, não
  sendo aparentemente bastante idoso para ter adquirido a experiência e habilidade necessárias a
  um consigliori eficiente.
    Mas Don Corleone não lhe deu qualquer estímulo.
    — Quando é que a minha filha parte com o noivo? — interrompeu a seguir.
    Hagen olhou o seu relógio de pulso.
    —  Dentro  de  alguns  minutos  cortarão  o  bolo  e  então,  meia  hora  depois,  partirão.  —  Isso
  lembrava-lhe  algo  mais.  —  Esse  seu  novo  genro.  Vamos  dar-lhe  algo  importante  dentro  da
  Família?
    Hagen ficou surpreso com a veemência da resposta de Don Corleone:
    — Nunca! — exclamou batendo na escrivaninha com a palma da mão. — Nunca! Dê-lhe
  algo para ganhar a vida, uma boa vida, mas nunca deixe que saiba dos negócios da Família. Diga
  aos outros, Sonny, Fredo, Clemenza.
    Fez uma pausa e continuou.
    — Informe a meus filhos, aos três, que eles me acompanharão até o hospital para ver o
  pobre Genco. Quero que lhe prestem a última homenagem. Diga a Freddie para apanhar o carro
  grande e pergunte a Johnny se ele quer vir conosco, como um favor especial para mim.
    Percebeu que Hagen o fitava interrogativamente.
    — Quero que você vá à Califórnia hoje à noite. Você não terá tempo de ver Genco. Mas não
  parta antes de eu voltar do hospital e falar com você. Entendido?
    — Entendido — respondeu Hagen. — A que horas Fred deve ter o carro
    — Depois que os convidados partirem — retrucou Dou Corleone. — Genco esperará por
  mim.
    —  O  senador  telefonou  —  informou  Hagen  —  pedindo  desculpas  por  não  ter  vindo
  pessoalmente e disse que você compreenderia. Provavelmente quis referir-se a esses agentes do
  FBI que, do outro lado da rua, tomavam nota dos números dos carros. Contudo, mandou o seu
  presente por um mensageiro especial.
    Dou  Corleone  acenou  com  a  cabeça.  Não  achou  necessário  mencionar  que  ele  mesmo
  avisara o senador para não vir.
    — Ele mandou um presente bonito?
    Hagen  teve  uma  expressão  italiana  que  ficou  muito  esquisita  nas  suas  feições  teuto-
  irlandesas.
    — Prata antiga, muito valiosa. Os meninos podem vendê-la por uns mil dólares, no mínimo.
  O senador perdeu um tempão para encontrar exatamente a coisa certa. Para essa gente, isso é
  mais importante do que o preço.
    Dou  Corleone  não  escondia  o  prazer  de  que  um  homem  tão  importante  como  o  senador
  tivesse  mostrado  tal  respeito  por  ele.  O  senador,  como  Luca  Brasi,  era  uma  das  peças
  fundamentais da estrutura de poder de Dou Corleone, e, com seu presente, tinha reafirmado sua
  lealdade.
    Quando  Johnny  Fontane  apareceu  no  jardim,  Kay  Adams  reconheceu-o  imediatamente.
  Ficou verdadeiramente surpresa.
    — Você nunca me disse que a sua família conhecia Johnny Fontane — disse ela. — Agora,
  tenho certeza de que vou casar com você.
    — Quer falar com ele? — indagou Michael.
    — Agora não — respondeu Kay suspirando. — Estive apaixonada por Johnny durante três
  anos. Eu costumava vir a Nova York toda vez que ele cantava no Capitólio, e gritava até não
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