Page 31 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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voz de mulher atender o telefone desligou. Não tinha meios de saber que quase todo mundo no
casamento notara a sua ausência e de Sonny, durante aquela meia hora fatal, e já se fuxicava
abertamente que Santino Corleone tinha feito outra vítima. Que ele “fizera o serviço” na dama de
honra de sua própria irmã.
Amerigo Bonasera teve um pesadelo horrível. Em seu sonho ele viu Don Corleone, com um
gorro pontudo, macacão e luvas grossas, descarregando cadáveres crivados de balas em frente
de sua agência funerária, gritando:
— Lembre-se, Amerigo, não diga uma palavra a ninguém, e enterre-os rapidamente.
Ele gemeu tão alto e longamente no sonho, que sua mulher o sacudiu para acordá-lo.
— Ei, que homem você é — resmungou ela. — Ter um pesadelo logo depois de um
casamento.
Kay Adams foi acompanhada até o seu hotel de Nova York por Paulie Gatto e Clemenza, O
carro era grande, luxuoso e dirigido por Gatto. Clemenza vinha no assento traseiro e Kay
acomodou-se no assento dianteiro perto do motorista. Ela achou os dois homens muito exóticos. O
linguajar deles era tipicamente o da Brooklyn do cinema, e eles a tratavam com uma cortesia
exagerada. Durante a viagem, Kay conversou casualmente com os dois homens e ficou surpresa
quando os ouviu falar de Michael com evidente carinho e respeito. Ele a havia levado a acreditar
que era um estranho no mundo do pai. Agora Clemenza garantia-lhe com sua voz ofegantemente
gutural que o “velho” considerava Mike como o melhor de seus filhos, aquele que certamente
herdaria o negócio da família.
— Que negócio é esse? — perguntou Kay com o ar mais natural.
Paulie Gatto lançou-lhe um olhar rápido, enquanto girava o volante. Atrás dela, Clemenza
falou denotando surpresa na voz:
— Mike não lhe contou! O Sr. Corleone é o maior importador de azeite italiano nos Estados
Unidos. Agora que a guerra terminou, o negócio pode ser uma verdadeira mina. O pai vai
precisar de um rapaz esperto como Mike.
No hotel, Clemenza insistiu em ir até a portaria com ela. Quando Kay protestou, ele disse
simplesmente:
— O chefe mandou que eu tivesse certeza de que você chegasse bem em casa. Tenho de
cumprir a ordem.
Depois que ela recebeu a chave do quarto, acompanhou-a até o elevador e esperou que ela
entrasse. Kay acenou para ele, sorrindo, e ficou surpresa com o autêntico sorriso de prazer que
ele lhe retribuiu. Foi bom que ela não o visse dirigir-se novamente ao porteiro do hotel e
perguntar:
— Com que nome ela se registrou?
O porteiro olhou para Clemenza friamente. Este rolou a bolinha verde que segurava na mão
na direção do porteiro, que a apanhou e respondeu imediatamente:
— Sr. e Sra. Michael Corleone.
De volta ao carro, Paulie Gatto disse
— Mulher distinta!
— Mike está fazendo o serviço nela — resmungou Clemenza
A não ser, pensou ele, que os dois fossem realmente casados.
— Apanhe-me amanhã cedo — disse ele a Paulie Gatto. — Hagen tem um trabalho para
nós, que precisa ser feito imediatamente.
Já era tarde da noite de domingo, quando Hagen deu um beijo de despedida na mulher e
dirigiu-se para o aeroporto. Com a prioridade especial número um (um presente de
agradecimento de um general do estado-maior do Pentágono), ele não teve dificuldade alguma
para conseguir passagem de avião para Los Angeles.
Tinha sido um dia ocupado, mas de satisfação, para Tom Hagen. Genco Abbandando tinha