Page 49 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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realmente  que  erro  perigoso  cometera  essa  manhã?  Se  isso  fosse  verdade,  Hagen  jamais
  desejaria ser o consigliori de Do Santino Corleone.
    Don Corleone esperou até que Sonny deixasse a sala. Depois voltou a afundar-se na poltrona
  de couro e bruscamente fez sinal pedindo uma bebida. Hagen serviu-lhe um cálice de anisete. —
  Don Corleone levantou os olhos para ele.
    — Mande Luca Brasi falar comigo — disse ele.
    Três meses depois, Hagen lia apressadamente a sua papelada em seu escritório da cidade,
  esperando  sair  mais  cedo  para  fazer  algumas  compras  de  Natal  para  a  mulher  e  filhos.  Foi
  interrompido  por  um  telefonema  de  Johnny  Fontane  que  começou  a  falar  com  grande
  entusiasmo. O filme tinha sido rodado, a primeira cópia, qualquer que diabo fosse, pensou Hagen,
  era fabulosa. Ele estava enviando para Don Corleone um presente de Natal que o deslumbraria,
  gostaria de levá-lo pessoalmente, mas havia pequenas coisas a serem feitas no filme. Teria de
  permanecer na Califórnia. Hagen procurava esconder sua impaciência. Johnny Fontane perdera
  para ele todo o seu encanto. Mas isso despertara o seu interesse.
    — Que é? — perguntou ele.
    Johnny Fontane riu entre dentes e respondeu:
    — Não posso dizer, isso é a melhor coisa de um presente de Natal.
    Hagen imediatamente perdeu todo o interesse e finalmente conseguiu, de modo delicado,
  encerrar a conversação telefônica.
    Dez minutos depois, sua secretária informou-o de que Connie estava ao telefone e queria
  falar-lhe. Hagen suspirou. Como moça, Connie havia sido boazinha; como mulher casada, era
  uma amolação. Fazia queixas do marido. Costumava ir para casa para visitar a mãe por dois ou
  três dias. E Carlo Rizzi se estava revelando um verdadeiro fracasso. Tinham-no estabelecido com
  um pequeno negócio interessante, mas estava levando a breca. Também dera para beber, para
  entregar-se à devassidão, para jogar e bater na mulher. Connie não dissera isso à Família, mas
  contou a Hagen. Ele se interrogava que nova história de infortúnio ela teria para contar-lhe agora.
    Entretanto,  o  espírito  de  Natal  parecia  que  lhe  havia  trazido  algum  ânimo.  Connie  queria
  apenas perguntar a Hagen o que o pai realmente gostaria de receber de presente. E Sonny, Fred
  e  Mike.  Ela  já  sabia  o  que  iria  comprar  para  a  mãe.  Hagen  fez  algumas  sugestões,  todas
  rejeitadas por ela como tolas. Finalmente, Connie desligou.
    Quando o telefone tocou novamente, Hagen voltou a pôr todos os papéis na cesta. O diabo
  que agüentasse aquilo. Ele ia embora. Não lhe ocorreu, contudo, recusar a atender o telefonema.
  Quando a sua secretária lhe comunicou que era Michael Corleone, ele pegou o telefone com
  prazer. Sempre gostara de Mike.
    — Tom — falou Michael Corleone — vou descer para a cidade com Kay amanhã. Há algo
  importante que quero comunicar ao velho antes do Natal. Será que ele estará em casa amanhã
  de noite?
    — Certamente — respondeu Hagen. — Ele não vai sair da cidade até depois do Natal. Posso
  fazer algo por você?
    Michael era tão reservado quanto o pai.
    — Não — respondeu ele. — Penso que o verei no Natal, todo mundo estará fora, em Long
  Beach, certo?
    — Certo — respondeu Hagen.
    Achou graça quando Mike desligou o telefone sem mais nem menos.
    Hagen ordenou a sua secretária que ligasse para a mulher e dissesse que iria para casa um
  pouco mais tarde, mas que lhe preparasse alguma ceia. Saindo do edifício, passou a caminhar
  rapidamente para o centro da cidade em direção ao Macy’s. Alguém interceptou-lhe o passo.
  Para.surpresa sua, viu que era Sollozzo.
    Sollozzo tomou.o pelo braço e disse calmamente:
    — Não se assuste, quero apenas falar com você.
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