Page 41 - LICENCIAMENTO E COMPENSAÇÃO AMBIENTAL NA LEI DO SISTEMA NACIONAL DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (SNUC)
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24 Licenciamento e Compensação Ambiental na Lei do SNUC • Bechara
Todo ano, doenças infecciosas matam 15 milhões de pessoas e são conside-
radas a principal causa de mortalidade no mundo.
Segundo a agência Efe, o documento apresenta diversas relações, como a
do desmatamento com a febre amarela e o crescimento urbano não plani-
ficado com a tuberculose e a peste bubônica.
Outro fato preocupante apresentado no relatório é o ressurgimento de
doenças que tinham praticamente desaparecido e o aumento delas por
causa das mudanças na natureza causadas pelo homem.
No caso da malária, por exemplo, foi constatado que o desmatamento e a
construção de estradas criaram um ambiente propício para a proliferação
dos mosquitos transmissores da doença que mata, por dia, 3.000 crianças
africanas”. 41
Isso já seria suficiente para firmar o inafastável entendimento de que a de-
gradação do meio ambiente deve ser evitada a todo custo, sob pena de uma sen-
sível perda da qualidade de vida da coletividade, pela deterioração de sua saúde,
segurança e bem-estar físico e psíquico.
Mas, além disso, tem-se que os danos ambientais (rectius = degradação am-
biental não evitada) são de difícil, às vezes impossível, reparação. E quando re-
paráveis, via de regra, são necessários anos para se voltar ao estado de equilí-
brio anterior. Uma espécie animal ou vegetal que venha a sofrer a extinção, por
exemplo, significará um dano irreversível pois não há medidas que possam ser
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adotadas para se trazê-la de volta; da mesma forma, uma área que venha a ser
41 Degradação ambiental causa 25% das doenças, diz ONU. O Estado de S. Paulo. Ciência e Meio
Ambiente, 21 fev. 2005. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2005/
fev/21/4.htm>. Acesso em: 22 jan. 2007.
42 Embora a clonagem de espécies extintas seja uma ambição dos cientistas e algumas pesquisas e
iniciativas estejam sendo desenvolvidas nesse sentido, não nos parece que essa possibilidade aplaca
os efeitos nefastos da extinção das espécies, pois ainda não há garantias de êxito dessa empreitada.
O cientista brasileiro Marcelo Gleiser, a partir da notícia de que cientistas, nos EUA, anunciaram
a primeira clonagem de uma espécie em extinção, o gauro indiano, um parente do búfalo, critica a
prática: “Com a tecnologia de clonagem de animais em extinção, o debate sobre a preservação das
espécies se torna crucial. Infelizmente, oportunistas irão dizer que agora, com essa tecnologia, não
precisamos mais temer a extinção, pois sempre poderemos clonar animais da espécie em perigo.
Portanto, vamos caçar mais onças, jacarés e baleias, que tudo bem! Obviamente, esse argumento
é absurdo. Um dos problemas fundamentais da clonagem é que ela apenas duplica o material
genético, destruindo a diversidade genética da espécie. Ou seja, reconstruiríamos uma espécie em
extinção com centenas de cópias idênticas de alguns indivíduos. Imagine um mundo habitado por
bilhões de cópias das mesmas cem pessoas! Mesmo que a clonagem ofereça a esperança de poder-
mos repovoar certas espécies, teremos de criar meios de variar artificialmente seu material genéti-
co, talvez misturando-o com o de espécies afins, um processo arbitrário e eticamente complicado.
O melhor antídoto contra a extinção é a conscientização e a destruição do mercado de consumo
que promove a caça desses animais. E a clonagem de espécies já extintas? Se podemos clonar uma
espécie em extinção, por que não um mamute ou mesmo um dinossauro, como no filme ‘Parque
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