Page 144 - C:\Users\Leal Promoções\Desktop\books\robertjoin@gmail.com\thzb\mzoq
P. 144

que viola nossos Termos de Uso e ela foi removida. O Facebook não permite a publicação de
        fotos que ofendam um indivíduo ou grupo, ou que possuam nudez, drogas, violência ou

        outras violações de nossos Termos de Uso. Essas políticas são desenvolvidas para garantir
        que o Facebook continue a ser um ambiente seguro e confiável para todos os usuários,
        incluindo as crianças que usam o site”.

          O caso foi divulgado e debatido no blog “Mamíferas”. Depois de a foto ter sido retirada da
        rede, Kalu lançou o “Mamaço no Facebook” — um protesto que incentiva as mulheres a

        trocar as fotos de seus perfis por imagens em que estejam amamentando, e os homens a
        trocá-las por fotos das mães de seus filhos nesse mesmo ato saudável.
          Os dois casos da internet — que com toda certeza não são os únicos — fazem soar uma

        sirene  na  nossa  cabeça.  E  eu  acho  que  precisamos  escutá-la  antes  que  o  mundo  fique
        estranho demais. Tanto a Microsoft quanto o Facebook estão agindo “em nome do bem”. E,

        assim como outras corporações poderosas da rede, têm sido pressionados a responder pelos
        conteúdos veiculados em seu ambiente virtual pela Justiça de diferentes países. Obviamente
        as mensagens que Kalu e minha amiga — e muitos outros — receberam são automáticas,

        geradas sempre que o programa detecta algum tipo de ameaça. Só o Facebook e a Microsoft
        podem  nos  explicar  os  mecanismos  utilizados  em  seu  sistema  para  detectar  supostas

        violações.
          O fato é que o programa não tem como avaliar subjetividades. E então imagens de uma
        mãe amamentando ou um bebê tomando banho sob o olhar embevecido de seus pais são

        imediatamente censuradas em termos ameaçadores. No mundo virtual, o rotineiro banho
        do  bebê  cujas  fotos  circulam  entre  amigos  e  parentes  passa  a  ter  o  mesmo  potencial

        criminoso do rotineiro banho do bebê que circula entre as redes de pedofilia. Porque, a rigor,
        a nudez do bebê é a mesma. O que muda é o olhar do espectador. E o uso das imagens.
          Embora existam quadrilhas que comercializam fotos de meninas em posições eróticas ou

        em atos sexuais, um pedófilo se excitaria e um criminoso poderia vender a foto de uma
        criança de biquíni na praia, construindo um inocente castelo de areia.

          A saída deveria ser voltarmos a uma espécie de era vitoriana e obrigarmos nossos filhos a
        tomar  banho  de  mar  vestidos  porque  existem  pessoas  doentes  e  outras  criminosas  no
        mundo em que vivemos? Ou amamentarmos trancadas em quartos, com vergonha de nossa

        natureza? Ou dar banho no bebê de portas fechadas, escondidos de todos, como se fosse
        algo feio ou proibido? Acredito que lutamos muito para lidar melhor com nossos corpos e
        nossas vidas para tal retrocesso.

          Mas é algo semelhante o que está acontecendo na internet — um mundo no qual vivemos
        durante  boa  parte  do  nosso  dia  e  pelo  qual  nos  comunicamos  com  amigos,  parentes,

        parceiros de trabalho e desconhecidos. Um mundo virtual — mas bem real.
   139   140   141   142   143   144   145   146   147   148   149