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que viola nossos Termos de Uso e ela foi removida. O Facebook não permite a publicação de
fotos que ofendam um indivíduo ou grupo, ou que possuam nudez, drogas, violência ou
outras violações de nossos Termos de Uso. Essas políticas são desenvolvidas para garantir
que o Facebook continue a ser um ambiente seguro e confiável para todos os usuários,
incluindo as crianças que usam o site”.
O caso foi divulgado e debatido no blog “Mamíferas”. Depois de a foto ter sido retirada da
rede, Kalu lançou o “Mamaço no Facebook” — um protesto que incentiva as mulheres a
trocar as fotos de seus perfis por imagens em que estejam amamentando, e os homens a
trocá-las por fotos das mães de seus filhos nesse mesmo ato saudável.
Os dois casos da internet — que com toda certeza não são os únicos — fazem soar uma
sirene na nossa cabeça. E eu acho que precisamos escutá-la antes que o mundo fique
estranho demais. Tanto a Microsoft quanto o Facebook estão agindo “em nome do bem”. E,
assim como outras corporações poderosas da rede, têm sido pressionados a responder pelos
conteúdos veiculados em seu ambiente virtual pela Justiça de diferentes países. Obviamente
as mensagens que Kalu e minha amiga — e muitos outros — receberam são automáticas,
geradas sempre que o programa detecta algum tipo de ameaça. Só o Facebook e a Microsoft
podem nos explicar os mecanismos utilizados em seu sistema para detectar supostas
violações.
O fato é que o programa não tem como avaliar subjetividades. E então imagens de uma
mãe amamentando ou um bebê tomando banho sob o olhar embevecido de seus pais são
imediatamente censuradas em termos ameaçadores. No mundo virtual, o rotineiro banho
do bebê cujas fotos circulam entre amigos e parentes passa a ter o mesmo potencial
criminoso do rotineiro banho do bebê que circula entre as redes de pedofilia. Porque, a rigor,
a nudez do bebê é a mesma. O que muda é o olhar do espectador. E o uso das imagens.
Embora existam quadrilhas que comercializam fotos de meninas em posições eróticas ou
em atos sexuais, um pedófilo se excitaria e um criminoso poderia vender a foto de uma
criança de biquíni na praia, construindo um inocente castelo de areia.
A saída deveria ser voltarmos a uma espécie de era vitoriana e obrigarmos nossos filhos a
tomar banho de mar vestidos porque existem pessoas doentes e outras criminosas no
mundo em que vivemos? Ou amamentarmos trancadas em quartos, com vergonha de nossa
natureza? Ou dar banho no bebê de portas fechadas, escondidos de todos, como se fosse
algo feio ou proibido? Acredito que lutamos muito para lidar melhor com nossos corpos e
nossas vidas para tal retrocesso.
Mas é algo semelhante o que está acontecendo na internet — um mundo no qual vivemos
durante boa parte do nosso dia e pelo qual nos comunicamos com amigos, parentes,
parceiros de trabalho e desconhecidos. Um mundo virtual — mas bem real.