Page 124 - A Magia da Excelencia - Rodrigo Maruxo

cara que sobrevive a um acidente em alto mar e encontra abrigo
nadando até uma ilha deserta. Com muita habilidade e senso
apurado de sobrevivência, vai se ajustando à nova vida e prospera

naquela ilha, mesmo em profundo isolamento social. Conforme
passa o tempo, ele vai se acomodando com aquela situação, a um
ponto que ele começa a desistir da ideia de sair de lá, o que
colocaria em risco sua sobrevivência em médio e longo prazo.
Então, em determinado ponto do seu estado de solidão profunda,
ele cria um amigo. Na verdade, esse amigo não é um ser humano
de carne e osso, mas uma bola de vôlei que ele chama de Wilson
(parabéns, produtores, pelo excelente merchan!). Quando ele dá

nome à bola e cria um rosto para ela, seu cérebro passa a projetar
emoções naquele objeto. Ele se torna “vivo” pois há aí conexão
emocional e uma interação social começa. Ele conversa com
Wilson, ri com o Wilson, discute o relacionamento com Wilson.
Tendo agora Wilson em sua vida, desperta nele uma necessidade

de ajudar o amigo a ter uma vida melhor e sair da ilha passa a ser
uma prioridade novamente. Ele planeja e executa as ações
necessárias para ir embora dali. Projeta uma balsa e com ela se
lança ao mar. Utilizando uma simbologia cheia de sensibilidade, em
determinado ponto da viagem, já em alto mar, uma grande onda os
atinge e Wilson é levado pela correnteza. Para desespero do
náufrago, que tenta em vão resgatar o seu amigo, ele volta à

solidão. Mas a esse ponto, Wilson já havia cumprido sua missão,
ajudando-o a sair daquela situação de vida estagnada... E ele seria
resgatado em breve.
Quando vi esse filme, acreditei que o náufrago tinha ficado
maluquinho com essa história de criar um amigo a partir de uma
bola. Pensei com meus botões: “coitado, perdeu o pouco da

sanidade que ainda lhe restava!”. Depois, estudando melhor sobre
comportamento humano e neurociência, fui entender que este foi
um recurso utilizado pelo seu cérebro exatamente para que ele não
perdesse a sua sanidade e não se abandonasse por ali! Nos
relacionarmos emocionalmente com outro ser nos mantém
ativamente humanos e mentalmente mais saudáveis. Tenha e
cultive bons amigos. Fale com seu gato ou cachorro diariamente.

Cumprimente sua plantinha (ela talvez não responda porque ainda é