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Manuel Abranches de Soveral                                   FRAGMENTA HISTORICA


           de coa  sesēta mil rs de mãtim  e asinaturas   antonio carneiro  e o proprio fiquou em poder
                                    to
                                                                   69
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           que ualião mais de cēto e uinte, e quinze mil rs   de tomaz luiz  eScriuão andando nisto mais
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           cõ prouedor mor dos portos  e a terça parte   dū anno perdendo as asinaturas de seu oficio e
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           dos des encaminhados que tudo chegaua a m    desencaminhados afora ho que gastou de sua
                                              to
           mais de dozētos mil rs e ora tē menos cõ ho   fazenda ho q s.a. per cõsçiencia he obrigado a
           oficio de chançarel  por lhe não render mais q   satisfazerlhe.”
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           cēto e oitēta mil rs.”                     “foram arrematados os portos da beira na
           “estando nas ditas comarquas s. a. lhe mandou   fazēda de s. a.; achou q ouuera niso cõluio, pola
           q leixase tudo e acudisse cõ breuidade as   m  diligencia q fez cos rendeiros lho cõfesarão,
                                                        ta
           jgreijas de mãteiguas e dalcõgosta e outras   e por isso lhe derão pª s. a. mais daquilo por q
           q lhe tomauão e  pidião  ho padroado dellas   estauão arematados mil e quinhētos cruzados.”
           dizendo  que  uaguara  por  falecim  delrei   “s.a. ho mandou chamar a euora pª lhe dar
                                        to
           dom manoel ho q elle fez cõ m  custo de sua   cõta  do  q  tinha  feito  donde  ho  mandou  a
                                    to
           fazenda,  trabalho,  e  periguo  de  sua  pª  asi   oliuēça  e  lãdroal  e  joromēha  a  cousas  a  que
           por  se  temer  das  partes  que  tinhão  os  ditos   já mãdara ho corregedor da corte djº piz  e o
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           padroados  como  por  ser  Jnuerno  e  pasar  a   corregedor paris diz  os quais não fizerão nē
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           serra da eStrela per uezes com m  neues onde   poderão  acabar  causa alguã  das que lhe  s.a.
                                    tas
           por causa dellas teue doētes e lhe faleceo hū   encarregara e ele andou lá m  dias e acabou
                                                                              tos
           m  bom eScrauo, tornou auer todos aquelles   tudo ao q ho s.a. mãdaua como se uera pelas
            to
           padroados o q ho s. a. mãdaua e outros de q s.   prouisões q diso apresēta.”
           a. não hera sabedor por lhos trazerē usurpados
           que  ualem mais de dous mil cruzados sem   “depois ho mandou a estremos  sobre os
           receber mais m(ercê) que dizerlhe s.a. que lha   capitolos q derão do corregedor gaspar
                                                                           tos
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           faria da primeira Jgreija que destes padroados   peguado  onde esteue m  dias.”
           uagase que Jnda lhe não tem dado.”         69   António  Carneiro,  escrivão  da  câmara  de  D.  João
           “Acabado  Jsto  lhe  mãdou  s.a.  que  correse   II  (4.2.1490  –  ANTT,  Chancelaria  de  D.  João  II,  Liv.
           todas  as  comarquas  e  fizesse  tombo  dos   17,  fól.  43),  escrivão  da  câmara  e  secretário  de  D.
                                                      Manuel I (15.3.1511) e D. João III, com privilégios de
           padroados das Jgreijas  que elle tinha ho qual   desembargador (Chancelaria  de  D.  Manuel  I,  Liv.  41,
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           fez e era de noue cõtos de renda e o terlado   fól. 42; e Chancelaria de D. João III, Liv. 14, fól. 170v),
           delle entregou por lho s.a. mãdar ao secretairo   cavaleiro da Casa Real (Chancelaria de D. João III, Liv.
                                                      43, fól. 17v), que teve mercê da capitania, alcaidaria-
                                                      mor e jurisdição da Ilha do Príncipe (ib, Liv. 14, fól. 170v
           65  Como ficou dito, já se documenta como corregedor-  a 171v) e foi casado com Beatriz de Alcáçova, irmã de
           mor da Beira e Riba-Côa a 17.6.1521. Foi confirmado no   Fernão de Alcáçova, escrivão da fazenda de D. João III,
           cargo a 8.4.1537.                          provedor dos contos no reinado de D. Manuel I e vedor
           66  Deve ter sido nomeado no cargo de provedor-mor   da  fazenda  da  Índia  com  300.000  reais  de  ordenado
           dos portos juntamente com a nomeação de corregedor-  anual (30.10.1517).
           mor da Beira e Riba-Côa. O rendimento conjunto dos   70  Muito provavelmente o escrivão da correição da
           dois cargos era, como ele diz, muito superior a 200.000   Beira que publicou lá forais em 1516. Vide Pedro Pinto,
           reais,  o  que  constitui  uma  elevadíssima  renda.  Como   “Dos manuscritos à personagem: o percurso de Álvaro
           termo de comparação, temos que na mesma época o   Fragoso, procurador de Évora e da comarca de Entre-
           governador da Casa do Cível de Lisboa tinha 200.000   Tejo-e-Odiana  para  os  feitos  dos  forais  (revisitando
           reais  de  ordenado,  e  Fernão  de  Alcáçova,  como   a  reforma  dos  forais  de  D.  João  II  e  D.  Manuel  I)”,  in
           provedor  dos  contos  e  vedor  da  fazenda  da  Índia,   eHumanista. Journal of Iberian Studies, vol. 31, 2015,
           ganhava 300.000.                           p. 114.
           67  Cristóvão Mendes foi nomeado chanceler da Casa do   71  Doutor Diogo Pires, que já no reinado de D. Manuel
           Cível de Lisboa por D. João III (ANTT, Chancelaria de D.   era do seu desembargo e corregedor dos feitos crimes
           João III, Liv. 66, fól. 153v).             na corte e Casa da Suplicação, foi a 8.2.1521 nomeado
           68  Cristóvão Mendes, corregedor na comarca da Beira,   escrivão  diante  os  ouvidores  desta  Casa  (ANTT,
           em Agosto de 1525 escreveu a D. João III, informando-o   Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 37, fól. 108 e 108v).
           da situação das igrejas do mestrado de Cristo nessa   72  Páris Dias de Araújo foi nomeado desembargador da
           correição,  quem  as  possuía,  quanto  valiam  de  renda,   Casa da Suplicação por D. João III (ANTT, Chancelaria de
           porque títulos as tinham, se estavam vagas, etc. (ANTT,   D. João III, Liv. 51, fól. 185v).
           Gavetas, gav. 7, mç. 7, nº 24).            73  Bacharel Gaspar Pegado, que a 22.6.1516 foi juiz de


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