Page 22 - 5
P. 22

FRAGMENTA HISTORICA                     Cristóvão Mendes de Carvalho  ‐ História de um alto
                                                            magistrado quinhentista e de sua família

           “uindo  destremos  por  s.a.  ser  enformado   quais elle fez m  seruico a s.a. nas deferencas q
                                                                  to
           que a renda das sisas da beira pinhel e outros   tiuerão os procuradores dos pouos.”
           lugares auia m  tempo q se não paguauão nē   “acabadas as ditas cortes ho mandou s.a. as
                      to
           os rendeiros tinhão per onde nē tinhão dado   comarquas da estremadura beira tralosmõtes
           fiadores e o cõtador e almoxarife andarē em   e antre douro e minho a tomar cõta os
           deferēcas sobre as ditas rendas, mandouo s.a.   cõtadores  da  fazenda  e  das  terças  e  tirar
           a prouer nellas ho que elle fez cõ m  trabalho e   deuaSa sobre eles e sobre outros oficiais onde
                                      to
           segurou tudo sē s.a. perder cousa alguã.”   achou as terças da beira mal arrendadas e por
                                                      cõcerto e sem demãda lhe derão os rendeiros
                                                      pª s.a. mais do preço porq as tinhão arrēdadas
                                                      aquelle arēdam  dous mil cruzados e mandou
                                                                   to
                                                      proceder cõtra os oficiais das ditas terras sem
                                                      seruirē mais seus oficios.”
                                                      “Achou nos almoxarifados da guarda uiseu, e
                                                      lamego  m  cousas mal leuadas a custa de s.
                                                               tas
                                                            75
                                                      a. que tudo tirou e polla enformação q mandou
                                                      a s.a. fez andre piz  dahi por diante as folhas
                                                                      76
                                                      dos asentam  onde achou quinhentos mil rs
                                                                 tos
                                                      que estauão depositados por mãdado delrei
                                                      dõ manoel e leuou m   trabalho  em  os  fazer
                                                                        to
                                                      arequadar por não auer ahi ja erdeiros dos
                                                      depositarios como se uera pelos autos.”
                                                      “fez arequadar m  dinheiro que diuião a s. a.
                                                                    to
                                                      e lho mandou e foi entregue a fernãodalurs
                                                                                          77
                                                      e todas as mais rendas e diuidas segurou
                                                      cõ  fiancas  bastantes  que  so  o  almoxarife  de
                                                      lamego deuia mais de doze mil cruzados ao qual
                                                      tambē  tomou  cõta  do  mosteiro  de  São  João
                                                      de  tharouqua  que  então  era  do  Jnfante  dom
                Primeira página da carta / petição de   anrrique  cardeal  e  dizendo  o  dito  almoxarife
                                                                                      to
                                         1557.        que  não  tinha  pª  paguar  ho  mantim  dos
             (Doc. cedido pelo ANTT: Gavetas, gav. 2,   religiosos e outras cousas que s. a. mandaua
                                   mç. 11, nº 2).     fazer, elle fez paguar tudo e alem disso fiquou
                                                      nomeadamente, o contracto de casamento da infanta
           “no anno de 25 ho mandou s.a. chamar a tomar   D. Isabel com o imperador Carlos V.
                                                         De  30.12.1526  existe  uma  carta  do  licenciado
                                                      75
           onde detriminaua fazer cortes e por sobreuirē   Cristóvão Mendes para D. João III, dando-lhe conta do
           rebates ho mandou a torres nouas a cousas de   que tinha feito nas terras de Viseu, Lamego e Guarda
           seu seruico onde foi fazer as ditas cortes  nas   (ANTT, Colecção de cartas, Núcleo Antigo 877, nº 227);
                                           74
                                                      bem  como  o  auto  de  posse  a  13.1.1526  do  senhorio
                                                      da  cidade  de  Viseu,  que  em  nome  do  rei  tomou  o
           fora de Moura (ANTT, Chancelaria de D. Manuel I, Liv.   licenciado  Cristóvão  Mendes,  por  ficar  devoluto  à
           25, fól. 79 e 79v) e em 1520 era juiz de fora em Estremoz   coroa, pelo casamento da infanta, sua donatária, com
           (ib, Liv. 35, fól. 111v). Foi depois desembargador da Casa   o imperador da Alemanha (ANTT, Corpo Cronológico, p.
           da Suplicação (ANTT, Chancelaria de D. João III, Liv. 21,   I, mç. 33, nº 60).
           fól. 51v) e a 3.7.1528 teve carta de armas para Búzios e   76   Certamente  o  André  Pires  que  D.  João  III  nomeou
           Pegado, por descender destas linhagens (ib, Liv. 11, fól.   escrivão da fazenda real (ANTT, Chancelaria de D. João
           65). Na carta de armas é referido como Doutor Gaspar   III, 21, 39).
           Pegado, alcaide-mor das sacas de Entre Tejo e Odiana e   77   Fernando  Álvares,  escrivão  da  câmara  real  (ANTT,
           Campo de Ourique.                          Chancelaria de D. João III, Liv. 47, fól. 82) e da fazenda
           74   Cortes  de  Torres  Novas  de  1525,  que  aprovaram,   (ib, Liv. 8, fól. 154).

           22
   17   18   19   20   21   22   23   24   25   26   27