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FRAGMENTA HISTORICA Cristóvão Mendes de Carvalho ‐ História de um alto
magistrado quinhentista e de sua família
q lhe mãdaua q lhe faria seruico em ho seruir lhe querer pagar a dita tēça tãto q elle leixou
de ureador nesta cidade ho q elle fez e de m de ser ureador pollo q s.a. fiqua obrigado a
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q estando a cidade m desordenada e cõ m satisfazer lhe tudo ho q elle requereo per m
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diuidas q deuia aos orfãos e cõ outras q cada uezes e s.a. dizia q lha daria e mãdaria a cidade
dia fazia elle cõ m trabalho a desēdiuidou e q lha pagasse.”
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gastando ella mais em seu tempo do q nūqua “Jndo se a casa da sopriquação desta cidade
gastou pola ētrada da princesa e m obras pª santarē s.a. lhe mãdou q fiquasse aqui porq
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e outros gastos, que fez fiquou tão riqua q lhe cõpria a seu seruico e que seruiria por elle seu
ficaua deuēdo ho tisoureiro quãdo elle saio oficio douuidor simão de mirãda por lhe ter
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mais de doze mil cruzados e pasãte de dozētos obrigação e q em satisfação das asinaturas e
moios de pão.” por lhe fazer m lhe fazia m da prouedoria das
e
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“pollo doutor fernão martīs q foi seu capelas delrei dõ aº asi como ha tinha ho fº de
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antecessor ter ho sello da cidade em quãto foi joaõ barandaõ q a arenūciara em suas mãos
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ureador e não ho querer alargar, a dita cidade e agrauãdose elle por as asinaturas renderē
ho deu a elle em sua uida q cõ tãto q ho tirase mais em quada hū anno de cēto e uinte mil rs
ao dito fernão martīs e o segurasse a cidade s.a. lhe mãdou dizer pelo regedor e bispo de sã
como ho tinha dantes por o dito fernão martīs tome q ētão era e por gaspar carualho que
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ter prouisão para ho ter posto que não fosse
ureador elle se foi a cidade deuora a s.a. como 109 Abandonou as funções em 1549. A 5.3.1545 Cristóvão
sabe a rainha nossa sorã onde andou quatro Mendes escreveu a D. João III pedindo-lhe provisão
ou cinquo meses e ho ouue outra uez pª a para não ser injuriado e dando-lhe conta que, saindo
da Câmara, o desatenderam dois escrivães, intimando-
cidade tudo a sua custa e depois uindo s.a. a lhe um desembargo e condenando-o em 50 cruzados
lisboa lho pidio per ante os ureadores e oficiais por não selar as apelações (ANTT, Corpo Cronológico,
q então erão que lhe daria satisfação e elle p. I, mç 76, nº 29). A 18.6.1545 voltou a escrever ao rei,
respondeo q ho q elle tinha tudo era de s.a. dizendo que entraram no porto de Lisboa duas urcas de
Inglaterra, que mandando-as embora lhe requereram
mas q a satisfação s.a. lha auia de dar e não a franquia, com temor de que a armada francesa, que
cidade e s.a. disse q asi o faria mas q ēquãto estava no Cabo, os cativasse e matasse (ANTT, Corpo
lha não desse tomasse da cidade 25 mil rs de Cronológico, p. I, mç. 76, nº 68). Como já ficou referido,
tēça sē lhe dar mais a tal satistação nē a cidade ainda presidia à Camara quando a 17.1.1549 escreveu
novamente ao rei sobre a questão da provisão para os
mesteres assistirem ao tomar das contas dos gastos da
paga à sua custa (ANTT, Corpo Cronológico, p. I, mç. 75, cidade (ANTT, Corpo Cronológico, p. I, mç. 82, nº 19).
nº 54). Tendo em conta que, por um lado, o Licenciado 110 Simão de Miranda Henriques, desembargador (ANTT,
Cristóvão Mendes entre 1544 e 1549 presidiu à Câmara Chancelaria de D. João III, Liv. 60, fól. 33v) dos Agravos
de Lisboa, e, por outro, que em 1544 tinha já cerca (ib, Liv. 71, fól. 85) da Casa da Suplicação. Era trineto de
de 59 anos e não é referido por licenciado, o que foi D. Fernando Henriques, senhor de Alcáçovas.
convocado para Mazagão é certamente outro Cristóvão 111 Trata-se do filho sucessor do judeu Duarte Brandão,
Mendes. referido na nota nº 52, que teve mercê do cargo de
106 Pelo que refere, exerceu as funções de 1º vereador, provedor das capelas do rei D. Afonso IV, sendo em
portanto de presidente da Câmara, para além do cargo 1509 executado por 120.708 reais que ficou devendo
de chanceler. A Câmara de Lisboa tinha então mais (ou roubou) no exercício do cargo, como ficou dito.
três vereadores, para além do Dr. Cristóvão Mendes Ainda assim, seu filho João Brandão sucedeu no cargo,
de Carvalho: Francisco Correa, D. Duarte da Costa e ainda no reinado de D. Manuel, sendo nele confirmado
Manuel Corte Real (Durval Pires de Lima, “Crónica do por D. João III (ANTT, Chancelaria de D. João III, Liv. 51,
príncipe D. João -1537-1554. Esboço de uma biografia”, fól. 189). Por sua morte sucedeu o filho Duarte Brandão
in Anais. Academia Portuguesa da História, II série, vol. (ANTT, Chancelaria de D. João III, Liv. 38, fól. 145).
33, 1993, p. 258). 112 D. Bernardo da Cruz, bispo de São Tomé (1540-53),
107 Pela data, deve referir-se à princesa D. Maria (1527- do Conselho de D. João III (ANTT, Chancelaria de D. João
45), filha de D. João III, que casara a 15.11.1543 com III, Liv. 29, fól. 21v) e regedor e governador da Casa do
seu primo D. Filipe II (1527-98), futuro rei de Espanha Cível.
(1556) e de Portugal (1580). 113 Gaspar (de) Carvalho, chanceler-mor do reino
108 Doutor Fernão Martins, desembargador (12.1.1517 - (ANTT, Chancelaria de D. João III, Liv. 53, fól. 41v),
ANTT, Chancelaria de D. Manuel I, LIv. 25, fól. 163v), dos desembargador do Paço (ib, Liv. 49, fól. 252), da Casa
Agravos (23.5.1521 - ib, Liv. 39, fól. 77v) e dos feitos dos da Suplicação (ib, Liv. 46, fól. 36v e 54v) e dos feitos da
resíduos (6.7.1521 - ib, Liv. 44, fól. 65v) da Casa do Cível. Fazenda (ib, Liv. 36, fól. 47v), do Conselho de D. João
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