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Manuel Abranches de Soveral                                   FRAGMENTA HISTORICA


           deuendo ho dito almoxarife dous mil cruzados   perdēdo as assinaturas e desencaminhados.”
           das rendas do dito mosteiro os quais deu   “no fim do anno de 27 ho mandou s. a. chamar
           fiadores como se uera polas prouisões que diso   a tomar de traslosmontes onde andaua e lhe
           tē ho escriuão que foi das ditas contas.”  mandou dar as sisas aos pouos pª ho q lhe deu
           “da  beira  se  foi  a  tralosmõtes  e  nos   a procuração  e poderes q aqui apresenta e
                                                                 80
           almoxarifados de uila real e torre de mõcoruo   tornou a dita comarqua e deu as sisas , a m
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           achou que leuauão a sua a. quatorze mil e   lugares em que leuou m  trabalho sem lhe
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           quinhentos cruzados mal leuados os quais   fazer  quita  alguã  leuando  poder  pª  ha  fazer
           fez tornar a s. a. sem demanda alguã e cõ m    e leixou tudo a uõtade e desposição de s. a.
                                              to
           trabalho  seu  e  forão  entreges  a  fernãodalurs   acerca da dita quita e tirou outros tributos e
           como  se  uera  pelos  liuros  da  fazenda  e   sojeições ao pouo sospendendo m   oficiais
                                                                                   tos
           prouisões que apresenta.”                  q  a  mor  parte  depois  forão  condenados  sem
           “achou  que  nos  ditos  almoxarifados  leuauão   perda da fazenda de s. a. no q andou te o ano
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           ao pouo m  mais do que deuião e tirou tudo   de  29   sem  receber  mercē  nē  satisfação  do
                   to
                                                                              to
           ho que lhe não podião leuar.”              que gastaua, antes perdeo m  por q tendolhe
                                                      elrei pasado carta de huã ouuidoria da casa
           “achou os portos da dita comarqua mal      da sopriquação  em q mãdaua q ho siruise
                                                                   83
           arrematados  e  mandou chamar os  rendeiros
           e mostroulhes os cõluios que per escrituras   80  A carta de poder e procuração para a Covilhã, dada
           elle  descubrio  e  fez  dar  mais  a  s.  a.  tres  mil   por D. João III, feita pelo Licenciado Cristóvão Esteves
           e  quinhētos  cruzados  daquilo  porq  estauão   (depois  dito  de  Espargosa),  do  Desembargo  do  Paço,
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           arematados como se uera pelos liuros da    datada de 2.1.1527, começa assim: “Saibão quan  este
                                                      instrum  de procuração uirê que no anno do nascim
                                                            to
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           fazēda e prouisões que apresenta.”         de noso snor Jesu Christo de mil quinhêtos e uinte e sete
                                                                                  bro
           “tomou cõta ao cõtador aº homē  por auer m    annos Aos uinte e nove dias do mes de out  no logar do
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                                              to
                                                      fûdão, termo da uila da covilhã, estãdo hi ho licêciado
           tempo q ha não dera e achou m  lugares que   christóuão mendez de carualho, do desembargo delrei
                                    tos
           não paguauão terça por elle não entrar nelles   noso snr que ora per seu especial mãdado uem dar as
           que so freixo despada cinta auia quorenta anos   sisas aos pouos” (ANTT, Colecção de cópias, Covilhã, Liv.
           que ha não pagaua e fezlha pagar e arequadar   2, fól. 77; e Liv. 6, fól. 86). Há uma carta de 1 de Abril,
                                                      sem  indicação  do  ano  (deve  ser  1527),  de  Cristóvão
           mais de seis mil cruzados dos quais s. a. deu pª   Mendes para D. João III na qual lhe dá conta do que
           ajuda da Jgreija q mandou fazer em freixo dous   se passava com o lançamento das sisas de Manteigas
           mil cruzados e pª a fortaleza da torre trezentos   (ANTT,  Gavetas,  gav.  2,  mç.  8,  nº  4),  e  outra  de  4  de
           e oitenta mil rs e os mais mandou entregar em   Março na qual lhe dá conta do rendimento das sisas de
                                                      Marialva (ib, mç. 8, nº 5).
           cojmbra  a  pº  carualho  sem de todas estas   81  De 28 de Janeiro, sem referência ao ano, existe uma
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           cousas receber m  alguã antes sempre daua de   carta de Cristóvão Mendes para D. João III sobre as sisas
                        e
           comer aos oficiais de s. a. que cõ elle andauam   de Trás-os-Montes (ANTT, Gavetas, gav. 2, mç. 8, nº 3);
                                                      outra de 16.12.1526 a respeito das sisas de Bragança
                                                      que se pretendiam deixar à câmara da mesma cidade
           78   Afonso  Homem,  escudeiro  da  Casa  Real,  nomeado   (ib,  mç.  8,  nº  7  –  esta  carta  consta  erradamente  na
           por  D.  João  II  contador  da  provedoria  de  Trás-os-  edição “As Gavetas da Torre do Tombo” (ob. cit., Vol.
           Montes, confirmado a 14.2.1496 por D. Manuel (ANTT,   I,  p.  856)  como  sendo  para  D.  Sebastião,  por  erro  na
           Chancelaria de D. Manuel I, 26, 106) e reconfirmado por   data, pois está 1562 em vez de 1526), bem assim como
           D. João III (ANTT, Chancelaria de D. João III, 46, 232).  o regimento que levara Cristóvão Mendes quando foi
           79   Pedro  Carvalho,  fidalgo  do  Conselho  de  D.  João  III   tratar das sisas na província de Trás-os-Montes (Leis e
           (ANTT,  Chancelaria  de  D.  João  III,  P.,  Liv.  4,  fól.  177),   Ordenações, Leis, mç. 3, nº 11). Há várias referências
           provedor das obras reais (ib, Liv. 21, fól. 68v) e escrivão   às  intervenções  do  corregedor  Cristóvão  Mendes  de
           da Casa do Cível. Foi progenitor dos Carvalho Patalim.   Carvalho no Livro 7 de Contractos de D. João III e Núcleo
           Era descendente de Fernando de Carvalho, que no início   Antigo 81, Liv. 7-11
           do séc. XIV se documenta senhor da aldeia do Carvalho,   82  A 18.10.1529 Cristóvão Mendes escreveu a D. João
           em  Penacova.  Ainda  não  foi  possível  estabelecer  a   III, dando-lhe parte das pessoas que podiam emprestar
           relação genealógica destes Carvalho, ditos de Coimbra,   dinheiro para a guerra e das que andavam a cobrar em
           com os Carvalho ditos de Basto (a que pertencia o Dr.   nome de Heitor Henriques (ANTT, Corpo Cronológico, p.
           Cristóvão  Mendes),  sendo  certo  que  os  de  Coimbra   I, mç. 43, nº 109).
           usavam o mesmo brasão de armas.            83  Carta de ouvidor do crime da Casa da Suplicação para
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