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4. A RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS
(RSE)
4.1. As várias teorias e abordagens
Desde há muito tempo que a RSE tem sido alvo de acesa controvérsia.
Mesmo entre aqueles que defendem a sua necessidade ou relevância, não existe
consenso nos fundamentos utilizados, e o mesmo conceito é usado para diferentes
significados.
Votaw (1972:25) citado por Garriga & Melé, (2004:52); Rego et al.,
(2007b:133) já tinha reflectido sobre esta situação.
“A RSE significa algo, mas nem sempre a mesma coisa para
todas as pessoas. Para algumas, ela representa a ideia da
responsabilidade ou das obrigações legais. Para outras,
significa um comportamento socialmente responsável, em
sentido ético. Ainda para outras, o significado é o de ´ser
responsável por algo`, no sentido causal”(...).
Hoje o panorama não é muito diferente. Destas várias concepções tem surgido
inúmeras abordagens, modelos e teorias.
Um dos contributos mais valiosos para esta discussão foi apresentado por
Garriga & Melé, num artigo designado “Teorias de Responsabilidade social das
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empresas: Cartografia do território” . Os autores apresentam quatro grandes tipos de
teorias e abordagens: Instrumentais, Políticas, Integrativas e Éticas.
4.1.1. Instrumentais
Neste grupo de teorias, a RSE é vista como uma ferramenta estratégica para
atingir os objectivos económicos e, em última análise, de criação de riqueza.
Uma série de estudos têm vindo a ser realizados para determinar a correlação
entre a RSE e o desempenho financeiro empresarial. Destes, um número significativo
revelam uma correlação positiva entre a responsabilidade social e o desempenho
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financeiro das organizações, na maioria dos casos . Contudo, estes resultados devem
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ser interpretados com cautela porque esta correlação é difícil de medir .
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Vide Garriga & Melé (2004) - “Corporate Social Responsibility Theories: Mapping the Territory” in
Journal of Business Ethics nº 53, Kluwer Academic Publishers, 2004, pp.51-71.
51
(Frooman, 1997; Griffin e Mahon, 1997; Key & Popkin, 1998; Roman et al., 1999; Waddock &
Graves, 1997).
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(Griffin, 2000; Rowley & Berman, 2000).
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