Page 110 - O vilarejo das flores
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O corpo todo tremia, o ar faltava. Olhava perdida ao redor. Não
acreditava no que ouviu. Sua própria mãe tramava contra ela. “Como
pôde? O que faço agora?” Perguntava-se. Pensou em Francis. ”Não,
não podem tirar meu elo com ele!” Protestava em voz alta. Seu peito
doía, sua cabeça rodava, nem conseguia mais pensar. Levantou do
chão, mas só conseguiu dar alguns passos até a cama e caiu sem
forças. Abafou os gritos com o travesseiro e despejou toda sua
angustia nele. Alguém bateu na porta e quando esta se abriu Brigida
apareceu. Aimeé procurou disfarçar.
—Bom dia querida! O que houve?- perguntou Brígida assustando-se
com os olhos vermelhos da filha.
—Não é nada mamãe. É que ontem me emocionei com o papai e
estou triste até agora. – disfarçou Aimeé segurando-se.
—Não se preocupe querida, tudo vai se resolver e logo você estará
bem. – acalmou Brígida abraçando a filha- Já arrumou suas coisas?
Amanhã cedo você viajará.
—Sim. Já está tudo arrumado.
—Que bom. Vou mandar que busquem seus pertences. Alegre-se!
Não queremos preocupar o papai. Queremos?
—Não mãe. - Fingiu Aimeé forçando um sorriso.
Brígida deu um beijo na filha e saiu do quarto acreditando
que tudo ia conforme o plano.
Aimeé não sabia o que fazer. Começou a andar pelo quarto
alucinada. Tropeçou em uma mala e estabacou-se no chão. Neste
segundo que ela caiu, viu o sorriso de Francis. Deitada no chão e com
os olhos fechados viu todos seus momentos com Francis passarem
pela sua mente.
Sentou-se e olhou ao redor. No seu coração só havia Francis.
Sem alternativas, resolveu fugir. Arrumou um lençol e colocou
algumas roupas e pertences pessoais. Pegou uma bolsinha que tinha
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